Comissão da Verdade do AM pede justiça à memória de índios assassinados durante a ditadura

Membros do comitê estadual criticam posição da Comissão Nacional da Verdade e pedem atenção ao teor de relatório sobre o tema

Membros do Comitê do Amazonas, na sede do Sindicato dos Jornalistas, pedem Justiça a indígenas vítimas da ditadura (Divulgação – Amadeu Guedes)

O Comitê do Direito à Verdade, Memória e Justiça do Amazonas quer um posicionamento mais firme e claro da Comissão Nacional quanto ao massacre de indígenas, principalmente os Waimiri-Atroari, na vigência da ditadura militar no País. Membros do comitê estadual reapresentaram nesta quarta (11), em coletiva à imprensa, o relatório elaborado entre maio de 2012 e este ano no qual apontam atos criminosos contra esses povos e pediram explicações à morte de aproximadamente 2 mil waimiri-atroaris durante o Governo Militar.

“Não estamos satisfeitos com a posição adotada pela Comissão Nacional (do Direito à Verdade, Memória e Justiça) que parece não ter levado a sério o relatório do Amazonas”, disse ontem o coordenador de pesquisa do comitê estadual, o misionário Egydio Schwade.

Do relatório do comitê constam mais de 200 documentos que mostram, de acordo com Egydio Shwade, a violência cometida contra os waimiri-atroaris. Para o coordenador, esse povo foi vítima de atrocidades que levaram à morte de mais de 2 mil pessoas à morte. “Trata-se de um dos maiores massacres no País tanto pelos assassinatos quanto pelo tamanho da violência realizada contra eles”, afirmou.

Egydio Shwade disse esperar que a comissão nacional use o documento estadual como instrumento de garantia de realização da Justiça para os indígenas d Região Amazônica.

Encontro nacional
No dia 16, em Brasília, a comissão nacional reúne-se com as representações dos comitês estaduais. É nesse encontro que o comitê do Amazonas defenderá análise mais criteriosa do documento elaborado pelo grupo e a definição de ações. O presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado do Amazonas (SJP-AM), Wilson Reis, foi escolhido para representar o comitê estadual.

 

O jornalista disse ontem que é fundamental e necessário passar a limpo essa história no Amazonas e que esse é esforço do comitê: insistir nos esclarecimentos das ações da ditadura no Estado onde os indígenas foram as maiores vítimas. Para ele, o silêncio sobre os fatos ocorridos precisa ser quebrado bem como a versão oficial que ignorou completamente a história contada pelas vítimas, pelos parentes e outras testemunhas que atuaram na resistência à violência.

 

Fonte – A Crítica

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