O movimento operário na região ganhou força nas décadas de 1960 e 1970, à medida que a área foi ocupada por trabalhadores de indústrias químicas e metalúrgicas
A região leste sempre esteve a margem das conquistas da cidade; na periferia, infraestrutura sempre foi precária
A Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva faz uma audiência na zona leste de São Paulo para ouvir depoimentos de lideranças operárias e sindicais reprimidas e presas na ditadura (1964-1985). O movimento operário na região ganhou força nas décadas de 1960 e 1970, à medida que a área foi ocupada por trabalhadores empregados em indústrias químicas e metalúrgicas, e se formaram lideranças que lutavam nos sindicatos.
“A gente tentou pensar durante a época da repressão num lugar especial neste sentido dos trabalhadores, que é a zona leste. É um lugar que teve grande industrialização e uma grande luta por moradia. Através dos depoimentos as principais lideranças queremos reconstruir o momento político que viveu essa região no sentido de resgatar, registrar a memória política”, disse Danilo da Costa Morceli, um dos organizadores da reunião, à Rádio Brasil Atual.
O responsável pelo encontro dos operários com a Comissão da Verdade é o grupo de memória da zona leste, que reúne moradores para preservar a história da região. “É um grupo de memorialistas que se encontra e discute as mais variadas memórias da zona leste de São Paulo.”
A vereadora Juliana Cardoso (PT), que também integra a Comissão da Verdade Municipal de São Paulo, reforça a participação dos operários e também da igreja na região. “Aquela região foi importante para os operários porque foi um dos braços que ajudou os trabalhadores, os operários a desenvolverem discussão politica, sobre uma sociedade democrática. E o outro braço era a igreja que tinha também essa relação.”
Morceli afirma que a região leste sempre esteve a margem das conquistas da cidade. Na periferia, infraestrutura sempre foi uma das pautas dos tralhadores, diz. “É uma regiões de indústrias, em que trabalhadores além de lutar pelos direitos trabalhistas, lutavam por melhorias da cidade de São Paulo, principalmente na periferia.”
Os depoimentos recolhidos na reunião de hoje entrarão no relatório da Comissão Estadual da Verdade, coordenada pelo deputado Adriano Diogo (PT). A reunião ocorre no salão paroquial da igreja São Francisco de Assis, em Ermelino Matarazzo. Os depoimentos são abertos.
Fonte – Rede Brasil Atual