Na ação guerrilheira, Lamarca comandou assaltos a bancos e organizou a guerrilha no litoral paulista – região de Ribeira de Iguape. Liderou o grupo armado que sequestrou o embaixador suíço Giovanni Bucher, no Rio de Janeiro e passou a ser perseguido em todo o País pelas Forças Armadas. Em julho de 1969, Lamarca decidiu mudar a própria fisionomia facial para se esconder do cerco militar armado contra ele. Foi ajudado pelo médico Almir Dutton Ferreira, militante da esquerda, que o apresentou ao cirurgião plástico Afrânio Marciliano de Freitas Azevedo, da equipe da Clínica do Doutor Pitanguy – a mais famosa estrutura de cirurgia plástica do Brasil. Sem saber quem era o personagem, Afrânio Azevedo fez a cirurgia em uma casa de saúde em Santa Tereza. Reduziu o nariz do personagem, aumentou-lhe o queixo e tirou-lhe sulcos da testa.
Mudou a cara e a feição do desconhecido. O guerrilheiro internou-se com o nome de Paulo César de Castro, profissão: cabeleireiro. Afrânio Azevedo foi processado num inquérito militar e defendido pelo conceituado Dr. Pitanguy. Foi inocentado porque alegou que não conhecia o paciente. Afrânio, na época, era casado com a filha de um general do Exército que não o defendeu no processo. O mais famoso cirurgião plástico do Brasil, Ivo Pitanguy, ao defender na Justiça Militar o seu ex-aluno argumentou que “para um cirurgião plástico, quando uma pessoa chega com nariz grande e pouco queixo, o natural é fazer a cirurgia; se o sujeito vai ficar melhor, é o que interessa”.
Afrânio Azevedo, para quem não sabe, mora em Uberlândia e, até o fim do ano passado, foi o secretário de Educação da Prefeitura local. Por decisão do prefeito Odelmo Leão, Afrânio permaneceu no cargo por oito anos. O Dr. Afrânio Azevedo é irmão da escritora Marta de Freitas Pannunzio e do fundador e ex-diretor do Hospital de Clínicas da UFU, José Olímpio de Freitas Azevedo. É também tio do jornalista Fábio Pannunzio da TV Band.
Fonte – Correio de Uberlandia