“Nosso objetivo não é apenas esclarecer os casos de graves violações de direitos humanos e crimes praticados por agentes do estado. As comissões devem, por força de lei, divulgar documentos que mostrem o ‘modus operandi’ da estrutura do regime de exceção. Esse documento tem inconteste valor historiográfico, na medida em que aborda, com precisão e detalhes, o funcionamento e as instituições partícipes do sistema de repressão brasileiro, não só em São Paulo”, explicou Henrique.
O representante da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República, Gilney Viana, revela que ficou preso por nove anos e dez meses e contou parte do terror vivido no cárcere. “Eles abriram a porta e deixaram eu ver minha mulher no pau-de-arara, e depois de muita pancadaria você pensa que está morto”, desabafou, acrescentando que enquanto não estava sendo torturado, ouvia os gritos dos outros. As agressões tinham o objetivo de conseguir as informações da organização, dos locais onde dos encontros e também dos nomes de terceiros que estavam envolvidos na luta contra a ditadura”.
“Escrevi livros na cadeia, um deles tem o nome da cela que fiquei: Linhares 131-D. Nunca abandonei a luta pela verdade. O país passou por vários momentos e, mesmo depois que a ditadura acabou em 1985, ficou o estigma de terrorista”, conta Gilney, que também integra a Comissão Indígena da Verdade e disse que ainda está abrindo o baú da ditadura: “ela foi muito mais ampla do que as denuncias que já existem”.
Fonte – Diario de Pernambuco