Citando a máxima “A verdade é raramente pura e nunca simples”, de Oscar Wilde, Geraldo Cantarino introduz seu novo e quarto livro A Ditadura que o Inglês Viu (Maud X Editora, R$ 44,90). Recorrer ao infame irlandês Wilde para revelar os interesses e impressões dos ingleses num Brasil mergulhado nos primeiros 15 anos de ditadura parece mais uma ironia do destino. E é.
Com um toque “shelockiano”, o livro reúne documentos sigilosos arquivados no Arquivo Nacional britânico, em Londres, onde Cantarino revirou cerca de mil pastas trazendo a público documentos que revelam justa e friamente a ditadura que o inglês viu.
No momento em que o golpe de 1964 completa 50 anos e que o Brasil está sob os holofotes, essa é mais uma contribuição para se revisitar o passado brasileiro sob uma ótica internacional.
Título do livro
A DITADURA QUE O INGLÊS VIU.
Subtítulo do livro
Documentos diplomáticos sigilosos revelam a visão britânica do Brasil desde o golpe de 1964 até o processo de abertura política em 1979.
Resumo do livro
O livro reúne documentos sigilosos arquivados no arquivo oficial do Reino Unido, em Londres, que revelam a visão britânica dos primeiros 15 anos da ditadura no Brasil. Telegramas, cartas e relatórios mostram como diplomatas britânicos no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília viram, reportaram e comentaram os acontecimentos mais marcantes do país, do golpe civil-militar de 1964 ao processo de abertura política em 1979.
Trecho da orelha do livro
Pesquisada em 270 pastas do The National Archives, arquivo oficial do governo do Reino Unido, a documentação fornece uma desapaixonada visão de nossa história. Ela mostra como os seis embaixadores, que atuaram no Brasil nesse período, acompanharam a evolução do regime militar sob o ponto de vista dos interesses britânicos, buscando novas oportunidades de negócio. Além de observadores internacionais, eles se tornaram também personagens daquele momento histórico. O embaixador Sir David Hunt, por exemplo, correu o risco de ser sequestrado para ser trocado por prisioneiros políticos e teve a sua segurança reforçada. Dispostas cronologicamente, as correspondências diplomáticas formam uma retrospectiva daquele período com relatos sobre os principais assuntos daquele momento histórico: deposição do presidente João Goulart, cassação de
mandatos, censura, repressão, luta armada, sequestros, milagre econômico, prisões, tortura, desaparecimentos, mortes, exílio, anistia. No momento em que o golpe de 1964 completa 50 anos, este livro é mais uma contribuição para se revisitar o nosso passado sob uma ótica internacional.
Citações do novo livro
“Estou certo de que a maioria dos brasileiros está aliviada com o desaparecimento do Sr. Goulart e de seu séquito, composto apenas de extremistas e oportunistas. O país, como um todo, estava cansado de sua administração vacilante e cada vez mais preocupado com sua propensão indigna a demonstrações de esquerda. (…) Não acredito que esta tenha sido a última luta política no Brasil. Apesar de a esquerda estar agora sem líderes, é praticamente certo que em breve ela ressurgirá como uma força política.”
Sir Leslie Fry, embaixador britânico no Brasil, em 6 de abril de 1964.
“A história, penso eu, irá dizer que, no interesse a longo prazo do Brasil, a revolução de 1964 foi benéfica e até necessária. A outra alternativa seria certamente um desastre. Por extensão, o mesmo poderia ser dito, inicialmente, sobre a reafirmação da Revolução em dezembro de 1968. (…) Porém, começo a ter agora uma sensação desagradável de que o expurgo foi longe demais e continua muito longo.”
Sir John Russell, embaixador britânico no Brasil, em 15 de maio de 1969.
Sobre o autor: Geraldo Cantarino é jornalista formado pela Universidade Federal Fluminense, em Niterói-RJ, cidade em que nasceu. Possui Diploma Avançado do Curso de Direção para Televisão e Teatro da Artts International, no norte da Inglaterra, e Mestrado em Documentário para Televisão pelo Goldsmiths College, da Universidade de Londres. Ganhou bolsa de estudos da agência de notícias Visnews para um programa em jornalismo internacional realizado em cinco países (Estados Unidos, Canadá, Inglaterra,
Alemanha e Suíça). Foi produtor do programa Globo Ciência e de outras séries educativas da Fundação Roberto Marinho, veiculadas pela Rede Globo. Trabalhou como repórter da TV Bandeirantes, em Brasília, e como roteirista e apresentador de programas da Multirio, no Rio de Janeiro. É autor de outros três livros publicados pela Mauad Editora: 1964 – A Revolução para inglês ver, Uma ilha chamada Brasil e Segredos da propaganda anticomunista. Radicado na Inglaterra há quinze anos, Cantarino estará no Rio de Janeiro, entre os dias 10 e 27 de março, para o lançamento do novo livro.
Fonte – BR Press www.brpress.net e jornalggn