Filha de Rubens Paiva se emociona com áudio do pai e pede por mais registros

O Portal EBC publicou um áudio exclusivo do ex-deputado federal por São Paulo, Rubens Paiva, em entrevista ao vivo para a Rádio Nacional do Rio de Janeiro na madrugada do dia 1º de abril de 1964. Momentos antes da consolidação do golpe,  Paiva fez um apelo em defesa da legalidade do governo de João Goulart.  A voz e o conteúdo da entrevista emocionaram os familiares do político, que desapareceu em 1971 em plena ditadura.

Após ter acesso ao registro histórico, Vera Paiva, filha de Rubens Paiva e professora da Universidade de São Paulo (USP),  contou para o Portal EBC como ficou surpresa e sensibillizada em poder ouvir, novamente, a voz do pai. “Antes não tinha celular,  gravador era uma coisa complexa e os filmes Super-8 com som eram algo sofisticadíssimo. A última vez que falei com meu pai foi no Natal de 1970. Desde então, nunca mais tinha ouvido a voz dele”.

Antes de saber do áudio resgatado dos arquivos da Rádio Nacional, Vera Paiva possuía somente fotografias e duas filmagens feitas em uma câmera filmadora Super-8. “Foi uma emoção sem par para mim e meus irmãos, meu filho, meu marido. Nenhum deles tinha tido acesso ao som antes”, revela.

Apelo por mais registros

A filha de Rubens Paiva acredita que possam haver outros materiais sobre o pai e espera que seja entregue para a família. “Eu não sei, por exemplo, se há gravações da atuação do meu pai no Congresso. Temos imagens dele em movimento que nos dá a noção do que ele era, mas a voz, nunca”, relembra.

Vera conta que o material poderá ser aproveitado, por exemplo, em um documentário em produção sobre o político. “Esse tipo de material para reconstrução da memória brasileira é muito importante, lembrando que a Ditadura destruiu muito”.

Além da questão afetiva, Vera considera que o áudio resgatado traz uma narrativa importante para se compreender os momentos iniciais do golpe. “Meu pai era um jovem deputado que vai a Rádio Nacional tentar avisar o povo brasileiro sobre o golpe e pedir resistência pacífica”. Ouça a  integra da conversa:

Investigações sobre a morte

Na última quarta-feira (19), a Comissão Nacional da Verdade (CNV) entregou informações que apontam responsáveis pela morte do político ao presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).  No dia 3 de abril de 1964, após descobrir que não haveria resistência em Brasília contra o regime militar, Paiva rumou em exílio para o Paraguai.  No dia 10 de abril, com os militares já no poder, Rubens Paiva teve seu mandato cassado após a edição do primeiro Ato Institucional (AI-1) .

Eleito em 1962 para o mandato parlamentar, Rubens Paiva teve papel de protagonismo na CPI que investigou o IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), cuja conclusão apontava a intervenção da entidade “no processo de escolha de representantes políticos do povo brasileiro para a tomada do poder através da corrupção eleitoral”.

 

Ouça áudio exclusivo em que Rubens Paiva defende governo Jango no dia do Golpe de 64

 

Fonte – EBC

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *