FHC e Lula foram ressaltados por Dilma como perseguidos políticos. José Eduardo Cardozo pediu desculpas pelas violências da ditadura militar
A presidente Dilma Rousseff defendeu ontem aqueles que “morreram e desapareceram” na luta contra a ditadura e também “pactos” conseguidos por meio de negociações com o governo autoritário da época, em uma referência aos 50 anos do golpe militar de 21 de março de 1964.
Em cerimônia fechada a jornalistas, no Palácio do Planalto, ela defendeu a liberdade de imprensa e as eleições diretas, e homenageou os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, ambos perseguidos políticos na época do regime militar. “Cinquenta anos atrás, na noite de hoje, o Brasil deixou de ser um país de instituições ativas, independentes e democráticas. Por 21 anos, nossas instituições, nossa liberdade, nossos sonhos foram cassados”, afirmou a presidente.
“Nós conquistamos a democracia à nossa maneira, por meio de lutas e sacrifícios humanos irreparáveis, mas também por meio de pactos políticos”, declarou em seu discurso.
Desculpas
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pediu desculpas ontem pelas violências e crimes cometidos pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar de 1964 a 1985. O pedido de desculpas ocorreu durante ato público sobre os 50 anos do golpe militar realizado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Brasília.
”O ministro da Justiça tem o dever de pedir desculpas pelo arbítrio, pelo abuso, e assegurar que a memória daqueles que foram ofendidos seja restaurada e resgatada”, afirmou Cardozo.
”Durante muito tempo os ministros da Justiça diziam que não tinham nada a declarar”, numa referência a Armando Falcão, quando foi titular do cargo de 1974 a 1979, “e hoje o ministro da Justiça dizer em nome do Estado brasileiro, do povo brasileiro, que pede desculpas por aquilo que foi feito na época da ditadura, pelas mortes, pelas torturas, pelas famílias que choraram é algo que mostra um novo tempo, uma realidade democrática que nós temos hoje orgulho de ter conquistado”, afirmou.
O ato chegou a ser interrompido durante alguns minutos por um manifestante favorável à ditadura militar, que declarou discordar do ato. Ele entregou um documento à OAB sobre o assunto. Apesar de o manifestante ter sido recebido com protestos, o presidente da OAB, Marcus Vinícius Furtado Coêlho, defendeu seu direito de falar.
Posteriormente, Cardozo comentou que—— “as pessoas têm liberdade de se expressar” na democracia. O ato ainda homenageou vítimas da ditadura e lembrou advogados que foram assassinados pelo regime.
Fonte – Folhapress