Malhães jogou corpo de Rubens Paiva num rio, diz viúva do coronel

Coronel tinha negado crime à Comissão Nacional da Verdade. Caseiro acusado da morte do coronel negou participação no crime.

A viúva do coronel Paulo Malhães disse nesta terça-feira (6) que ele jogou num rio o corpo do deputado Rubens Paiva, que morreu durante uma sessão de tortura, no Doi-Codi em 1971. No depoimento que deu em março à Comissão Nacional da Verdade, o coronel Malhães disse que não tinha participado da operação.

Os senadores da Comissão Nacional de Direitos Humanos foram ao Rio de Janeiro em busca de informações sobre o inquérito que investiga a morte do coronel Paulo Malhães. Parlamentares conversaram com o caseiro do sítio do coronel.  Rogério Pires, segundo a polícia, confessou ser o mandante do assalto no sítio. Paulo Malhães foi encontrado morto.

A guia de sepultamento diz que o coronel sofreu edema pulmonar e isquemia do miocárdio. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) sobre a causa da morte ainda não ficou pronto.

Para os parlamentares, o caseiro negou participação no crime. “O caseiro não confessou o crime. Ele disse que não participou de nada. Ele não sabia de nada. Enfim, não confirmou a participação dele em momento algum. Ele é analfabeto, não sabe ler, não sabe escrever, não tem advogado. Ele foi ouvido, mas sem a presença de um defensor público”, diz a presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Ana Rita Esgário.

O coronel Malhães, era uma das principais testemunhas das comissões que apuram crimes cometidos durante a Ditadura Militar.

Torturador confesso, ele apresentou versões diferentes sobre o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, assassinado em instalações militares no Rio, em 1971. Nesta terça-feira, o jornal O Dia publicou uma entrevista com a viúva de Paulo Malhães. Ela contou que o marido disse ter mentido no último depoimento sobre o caso.

Por telefone, viúva do coronel, disse que tem medo de gravar uma entrevista, mas confirmou a conversa que teve com o marido logo após o depoimento dele na Comissão Nacional da Verdade, há cerca de um mês. Segundo a viúva, Paulo Malhães revelou que havia mentido. Confessou ter participado da missão para ocultar o corpo de Rubens Paiva e afirmou: o destino final do corpo foi um rio.

O coronel Malhães já havia dado esta versão à Comissão Estadual da Verdade, no começo do ano, mas em março na Comissão Nacional, ele negou, ter participado do desaparecimento do corpo.

“Eu só disse que fui eu porque acho uma história muito triste. Quando uma família leva 38 anos dizendo que quer saber paradeiro. Não sou sentimental, não, mas tenho as minhas crises”, falou o coronel em depoimento.

“A sensação que nós tínhamos é que o coronel tinha muita coisa para falar e que estava disposto a falar. Por isso o crime merece ser melhor investigado”, afirma presidente da comissão da Verdade-RJ, Wadih Damous.

 

 

Fonte – G1

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