Escritores de livro ‘polêmico’ sobre a ditadura têm material para 2º volume

‘Piracicaba, 1964 – O golpe militar no interior’ recebeu doações via internet.
‘Muitas pessoas vieram nos procurar para contar o que sabem’, diz autora.

‘Piracicaba, 1964 – O golpe militar no interior’ (Foto: Domênico Massareto/acervo pessoal)

 

Os autores do livro “Piracicaba, 1964 – O golpe militar no interior”, publicado por meio de doações feitas pela internet, têm relatos e conteúdo suficientes para um segundo volume sobre o tema, informou nesta segunda-feira (9) a jornalista Beatriz Vicentini, de 58 anos, organizadora da coletânea lançada na noite da última sexta-feira (6) em Piracicaba (SP).

“Por conta da própria polêmica que envolveu o publicação, muitas pessoas que vivenciaram ou testemunharam histórias da época da ditadura vieram nos procurar para contar o que sabem”, disse. Os autores do livro também estudam reimprimir a primeira edição. A tiragem inicial de 700 exemplares, obtidos por meio da arrecadação de R$ 17,9 mil, está prestes a acabar.

De acordo com Beatriz, o Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba (IHGP) havia demonstrado interesse em publicar o livro, mas pouco antes da conclusão desistiu de custear a edição. Isso fez com que os autores recorressem a sites de colaboração online para levantar o dinheiro necessário. A previsão era coletar R$ 12 mil, mas as doações superaram a expectativa.

Em resposta a requerimento de autoria do vereador José Antônio Fernandes Paiva (PT), o presidente do IHGP, Vitor Pires Vencovsky, negou que houve censura. No documento, datado de 24 de abril, ele informou que a ideia do livro foi aprovada pela entidade em meados de 2013, mas em fevereiro deste ano, quando a Comissão de Publicação e a diretoria tiveram acesso ao conteúdo para uma análise mais apurada, decidiu-se pela não publicação do material.

Autores do livro ‘Piracicaba, 1964 – O golpe militar no interior’, lançado 6ª (Foto: Mateus Medeiros/Divulgação)

“Todo o processo é estritamente interno e os atos não podem ser divulgados, ou seja, os autores preteridos recebem somente uma comunicação de que o IHGP não tem interesse em editar o livro, sem nenhuma explicação adicional. Essa norma faz parte dos procedimentos. Portanto, o IHGP não veta nem censura qualquer gênero de livro, ou de autores, pois a finalidade é editar livros que estejam dentro das normas de publicação da entidade”, informou Vencovsky ao vereador.

 

Distribuição em escolas

Dos 700 exemplares impressos, 200 serão distribuídos gratuitamente a instituições de ensino e bibliotecas públicas de Piracicaba e enviados para entidades estaduais e nacionais de direitos humanos. Outros 100 volumes foram vendidos no lançamento e 40 durante o final de semana. “Cada uma das 235 pessoas que colaboraram com dinheiro também receberá um ou mais exemplares, ou seja, a edição já está acabando e ainda tem muita gente interessada em ler”, afirmou a organizadora.

 

Período da ditadura

O livro narra acontecimentos em Piracicaba a partir de 1964 até os anos 80 e como a cidade reagiu ao período da ditadura militar. Também relata prisões, as reações dos moradores, como começou o processo de redemocratização e o momento em que o município sediou o congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). “O livro cumpriu o papel de mostrar às pessoas que algo aconteceu em Piracicaba naquela época e isso despertou o interesse delas de saber exatamente o que ocorreu”, disse Beatriz.

 

‘Ainda há o que contar’

As discussões para a elaboração do segundo volume devem começar nesta terça-feira (10) em uma reunião entre os autores. “Ainda há muito o que contar sobre este período”, afirmou a organizadora. Além da jornalista, assinam os artigos Patrícia Polacow, Orlando Guimaro Junior, Caio Albuquerque, Ely Eser Barreto César, Otto Dana e Luiz Fernando Amstalden. “Piracicaba, 1964 – O golpe militar no interior” tem 382 páginas e custa R$ 45.

 

 

Fonte – G1

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