Em memorandos, telegramas e aerogramas, todos com o selo que indica material confidencial, diplomatas comentaram práticas de um pedaço obscurecido da história brasileira, com relatos de torturas, mortes e condições degradantes dos presos políticos à época.
Satisfeito com a iniciativa norte-americana, o presidente da CNV, Pedro de Abreu Dallari, entende que a contribuição mais significativa dos documentos está, justamente, na referência detalhada e minuciosa destes episódios. “Alguns deles fazem referência aos métodos de tortura utilizados”, cita.
Para Dallari, o fato reforça o entendimento de que se torturou e matou em instalações militares no Brasil de forma sistemática. Ele ainda destaca a seriedade dos documentos, alegando que, à época, os EUA tinham intensa participação na vida politica brasileira e que as informações agora reveladas expressam a compreensão do que se passava no país durante a ditadura.
Sobre a continuidade dos envios, Dallari adianta que não há um cronograma estabelecido, nem a previsão de que novos documentos norte-americanos cheguem à CNV, embora esta seja a expectativa. Segundo ele, o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, adiantou que é intenção do governo dos EUA dar sequência ao projeto. “Mas é uma decisão unilateral deles”, salienta Dallari.
Fonte – JB