Oficialmente teriam sido 356 pessoas presas no estádio Caio Martins, em Niterói, durante o período da ditadura militar (1964 e 1985), no entanto dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública comprovam que mais de mil pessoas passaram à época pelo local, considerado o primeiro estádio de futebol da América Latina a abrigar presos políticos. Essa é uma das primeiras conclusões a que chegou a Comissão Municipal da Verdade (CMV), cujo relatório parcial foi divulgado na solenidade “Mães da resistência”, na última sexta-feira, promovida pelo autor da lei que instituiu a CMV, vereador Leonardo Giordano, na Câmara.
Documento foi apresentado durante evento na Câmara de Niterói (Foto: Divulgação)
Segundo o estudante de Ciências Sociais da UFF, Eduardo Beniacar, há registros resultantes da junção do Arquivo Público do antigo estado da Guanabara com o do estado do Rio, além de documentos do extinto Departamento de Ordem e Política Social (Dops), que funcionava em Niterói. No entanto, apesar dos arquivos do estado já estarem listados e abertos, a Comissão ainda não teve acesso a informações do Exército e da Marinha.
“Num proposital apagamento da memória histórica da ditadura, nega-se que o Caio Martins tenha sido utilizado como presídio, quando, na verdade, há provas documentais de que, para fins de inquérito policial, à época, os presidiários eram para lá levados e ali – presos – ficavam”, explicou Eduardo.
O relatório parcial da Comissão pode ser lido em www.verdadeemniteroi.org/#!relatorio-parcial/c1zhr
Fonte – O São Gonçalo