José Antônio Nogueira Belham, general que comandou o Doi-Codi, está entre os convocados; no foco está a investigação do extermínio da Guerrilha do Araguaia e o desaparecimento e morte de Rubens Paiva
A Comissão Nacional da Verdade (CNV) anunciou nesta sexta-feira a convocação de 16 pessoas ligadas a episódios centrais da repressão durante o período da ditatura militar (1964-1985). O objetivo é ouvir as pessoas em Brasília para incluir suas versões em um relatório que deve ser entregue em dezembro deste ano.Os convocados estão ligados a episódios centrais da repressão militar, como o extermínio da Guerrilha do Araguaia e o caso da morte e do desaparecimento do deputado Rubens Paiva. “Os convocados estão citados em documentos relacionados a graves violações e a CNV deseja dar a eles a oportunidade de darem suas versões sobre os fatos”, afirmou o coordenador da CNV, Pedro Dallari.
Entre eles está o general reformado José Antônio Nogueira Belham. Ele comandou o Destacamento de Operações e Informações (DOI), do I Exército, em janeiro de 1971, quando o deputado federal Rubens Paiva foi morto por integrantes do DOI. Outro convocado ligado ao episódio é o ex-sargento do Exército Jurandyr Ochsendorf e Souza, que participou da farsa do resgate de Paiva por guerrilheiros. Também foi chamado o ex-médico militar e general reformado Ricardo Agnese Fayad, ex-subsecretário de Saúde do Exército, que atuou no Doi-Codi do Rio e na Casa da Morte de Petrópolis.
Sete dos 16 convocados atuaram em campanhas militares entre 1972 e 1974 ligadas ao extermínio da Guerrilha do Araguaia. Antes do relatório final, a CNV quer usar esses depoimentos em uma audiência pública sobre o Araguaia, marcada para 12 de agosto, em Brasília. Para esta audiência foi convocado Sebastião Curió, comandante que participou de campanhas que contribuíram ao extermínio da guerrilha.
A CNV também considera que os ex-agentes também têm esclarecimentos a prestar sobre a prisão, tortura e morte de brasileiros no Estádio Nacional, no Chile, e outros episódios de conexão repressiva envolvendo colaboração com agentes da Argentina e do Paraguai, e com operações contra integrantes da Ação Libertadora Nacional (ALN), desencadeadas em São Paulo, que resultaram nas mortes de Iuri e Alex Xavier Pereira.
Fonte – Terra