Na avaliação do secretário geral da comissão, Henrique Mariano, a reunião foi além das expectativas. Ele explica que dos cinco processos, dois são referentes a pernambucanos que foram sequestrados e assassinados no Rio de Janeiro: Fernando Santa Cruz e Eduardo Colier. “Em 1974, esses processos foram apresentados à comissão de direitos humanos da OEA pelas duas famílias. A OEA aceitou a denúncia e determinou que o Brasil adotasse providências para localizar os corpos”, ressalta. No entanto, o secretário lembra que os casos nunca foram investigados, devido ao próprio regime ditatorial.
Além desses dois processos, a CEMVDHC também terá acesso a mais dois casos, que tratam de casos genéricos de tortura no Brasil. “Ainda não sabemos de quem são, mas sem dúvida é um grande avanço para elucidarmos o que realmente aconteceu naquela época”, diz o secretário.
Por fim, a OEA também vai disponibilizar um processo referente ao sistema carcerário para detenção de presos políticos no Brasil. “Ninguém nunca teve acesso a essa documentação. Seremos os primeiros no país a examinar os casos”, diz o secretário.
Pesquisa
Além dos processos, CEMVDHC também conseguiu autorização para inspecionar os acervos documentais do Itamaraty e do Superior Tribunal Militar (STM) . O objetivo é pesquisar arquivos que possam servir para esclarecer todos os casos que estão sendo investigados pela comissão. “As duas instituições eram muito fechadas no que diz respeito a esses arquivos, mas ambas garantiram que vão colaborar com nossas investigações”, explica o secretário Henrique Mariano.
O secretário informa que o STM guarda todos os inquéritos policiais e militares que foram instaurados no país contra os militantes presos durante a ditadura. “Estávamos requerendo acesso a esses arquivos há dois anos, e ontem (segunda-feira) a ministra do STM, Elizabeth Rocha, nos deu autorização”, diz, informando que os primeiros pesquisadores devem chegar à Brasília na próxima semana.
Nesta quarta-feira (06), a CEMVDHC vai receber, na Câmara dos Deputados, a cópia digitalizada do processo do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD).
Fonte – Diário de Pernambuco