O militar da reserva disse que sofreu abalos por ter que cumprir as ordens
O coronel da reserva, Paulo Rubens Pereira Diniz, depôs na tarde desta terça-feira na Comissão Nacional da Verdade, em audiência realizada na Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB-MG), no Bairro Cruzeiro, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Paulo está pedindo anistia, pois alega que foi perseguido no exército, por ter posições contrárias aos militares que tomaram o poder. Ao ser questionado, o coronel disse que teria bombardeado uma praça em Goiânia, mas o governador renunciou e a operação foi cancelada. O coronel era do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP) e foi deslocado para Goiânia. “Teria cumprido a ordem”, disse. O militar ainda afirmou que treinou uma tropa de indígenas no Alto Rio Negro, na Amazônia, para combater guerrilheiros, inclusive os que lutavam no Araguaia.Durante seu depoimento, o coronel fez um discurso destacando episódios em que ajudou presos políticos e na sequência foi interrogado por dois membros da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Pedro Dallari e José Carlos Dias. Ele quer anistia baseado no trauma que viveu por ter sido levado a participar do episódio em Goiânia. “Isso abala qualquer um”, afirmou. O militar disse que tem laudo medico comprovando os abalos que sofreu. Pedro Dallari, integrante da comissão, compara o episódio com o atentado do Riocentro.
Na manhã de hoje, integrantes da CNV, acompanhados de peritos e representante do Ministério Público Federal e quatro torturados, fizeram uma visita ao 12º Regimento de Infantaria do Exército (12º RI), palco de torturas cometidas pelos militares que comandaram o Brasil durante a ditadura, entre 1964 e 1985. O 12° RI, que atualmente é chamado de 12° Batalhão de Infantaria (12º BI), é apontado no dossiê Brasil nunca mais, elaborado em 1985, como palco de tortura de 74 pessoas.
Fonte – EM