“Araguaia — Histórias de Amor e de Guerra” (Record, 504 páginas), do jornalista Carlos Amorim, é um livro alentado sobre a Guerrilha do Araguaia, um dos temas do período ditatorial sobre o qual ainda se precisa esclarecer muitas coisas.
A editora garante que se trata de “o mais completo e surpreendente livro sobre a organização mais importante da resistência armada ao golpe de 1964. Um livro que vai virar referência para historiadores e todos os interessados na história recente do Brasil”. Não li a obra, mas soa mais como publicidade, o que é natural, pois a editora tem mesmo de promover seus produtos. A Guerrilha do Araguaia é uma obra aberta, nada fechada, e será preciso muito mais pesquisas e livros para que se tenha uma compreensão mais abrangente do que efetivamente aconteceu na selva e nas pequenas cidades do Pará e de Goiás (hoje Tocantins) entre 1972 (e mesmo antes) e 1974 (e até um pouco depois). A obra que for apresentada como “bíblia” sobre o assunto amanhã poderá ser contestada, ao menos parcialmente, por novas pesquisas.
O assunto Guerrilha do Araguaia, num primeiro momento, era “propriedade” do Partido Comunista do Brasil. Aos poucos, foi escapando ao controle do PC do B, incluindo versões dissidentes, como a de Pedro Pomar, e livros de pesquisadores não militantes (e também militantes). Entre os melhores estudiosos do assunto estão Romualdo Pessoa Campos Filho (militante do partido e doutor pela Universidade Federal de Goiás), Elio Gaspari, Myrian Alves, Eumano Silva, Taís Moraes, Hugo Studart (mestre e doutor com pesquisas sobre o tema), Luiz Maklouf de Carvalho e Leonencio Nossa.
Fonte – Jornal Opção