Foi lançado na manhã desta quinta-feira (25) na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) o documentário Em Busca da Verdade, produzido pelos jornalistas Deraldo Goulart e Lorena Maria, da TV Senado. A produção faz um apanhado do trabalho desenvolvido pelas Comissões da Verdade e pela subcomissão do Senado que investigaram recentemente as violações de direitos humanos cometidas durante a ditadura militar (1964-1985). O documentário, com 58 minutos de duração, estreia no sábado (27), às 21h30, pela TV Senado
Um pequeno trecho de 10 minutos foi exibido durante a audiência na CDH. O trabalho foi bastante elogiado pelo senador João Capiberibe (PSB-AP). Ele afirmou que vai solicitar a distribuição do documentário para escolas públicas do país. O senador lamentou o fato de as Forças Armadas não terem feito uma autocrítica daquele período.
— As investigações mostram que as torturas, todas as violações eram de conhecimento dos principais dirigentes do regime, inclusive dos presidentes — disse Capiberibe, informando que chegou a se reunir com representantes das três Forças e com o ministro da Defesa para que fossem reconhecidas as conclusões da Comissão Nacional da Verdade (CNV).
Uma das diretoras do documentário, Lorena Maria, afirmou que o conhecimento das violações por parte da cúpula do regime é um dos focos da produção.
A obra também trata, entre outros aspectos, dos casos do sapateiro Epaminondas, militante do Partido Comunista Brasileiro que morreu sob tortura em 1971; do ex-deputado Rubens Paiva, dado como desaparecido; e do ex-militante do MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) Stuart Angel, também assassinado durante o regime.
Feridas tratadas
Deraldo Goulart citou uma frase da presidente do Chile, Michelle Bachelet, torturada durante o regime de Augusto Pinochet em seu país, na década de 70.
— Ela diz que só as feridas lavadas e tratadas cicatrizam. Este foi um de nossos motes nesta produção.
Também participou da audiência o deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), que lamentou o fato de as Forças Armadas ainda tratarem este período de nossa história como um tabu. Outro participante, o diplomata Andre Saboia, que colaborou com a CNV, acredita que “enquanto as Forças Armadas não reconhecerem o que ocorreu, o passado não vai passar”.
Em Busca da Verdade também aborda como funcionou o aparato repressivo, de que forma a tortura de opositores passou a ser institucionalizada como política de Estado e as maneiras como diversas empresas colaboraram financeiramente na manutenção desta estrutura.
Para Capiberibe, o país ainda sofre as consequências deste período.
— Na época, a tortura, os assassinatos, o aparato repressivo priorizava os opositores políticos. Hoje essa cultura sobrevive na repressão às periferias e a diversos movimentos sociais.
Formação
Outro participante da audiência, dom Leonardo Ulrich, representando a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), lamentou o fato de muitos jovens participarem hoje de manifestações que pedem a volta da ditadura. A mesma observação foi feita por Fabio Hartman, do Ministério da Educação, para quem a formação sobre o que se passou naquele período ainda precisa ser aprimorada pelas instituições de ensino de todo o país.
Fonte – CenarioMT