A ideia do projeto nasceu de um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) quando as duas ainda cursavam a faculdade de jornalismo na PUC-Campinas, em 2003.
“Ao longo da investigação, percebemos a importância do material que estávamos coletando e, captamos as entrevistas, já com a intenção futura de finalizarmos um longa. Queríamos falar da mulher comum e descobri-la como sujeito da história, pois percebemos que as mulheres são destinadas ao ‘silêncio das paredes domésticas’ e excluídas do relato histórico oficial, que se baseia no espaço público, mais especificamente nas relações políticas”, explica Danielle.
O documentário permeia, ainda, a questão das mulheres da elite brasileira que deixaram seus lares apenas provisoriamente para defender-se da “ameaça comunista”. Tais eventos influenciaram o debate sobre o comportamento e a condição da mulher na sociedade brasileira. Ao observarem a instância pública da vida destas pessoas, veio a seguinte pergunta: “o que ocorre na vida privada que determina as escolhas na vida pública?”.
“Tínhamos lido muitas coisas a respeito de mulheres que participaram das organizações de esquerda que atuaram no combate contra a ditadura de 1964, além de filmes e eventos a respeito deste tema. Mas também nos impactava os relatos e registros sobre as Marchas da Família com Deus Pela Liberdade e, sobretudo, a falta de interesse acadêmico ou artístico em estudar ou entender tal movimento”, diz a documentarista.
A produção reúne entrevistas com Zilah Abramo, socióloga, organizadora da Comissão de Mães em Defesa dos Direitos Humanos e vice-presidente da Fundação Perseu Abramo; Maria Amélia Teles, ex-militante do Partido Comunista do Brasil, fundadora da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil 1964-1985 e integrante da Comissão Estadual da Verdade de SP, quatro integrantes da UCF (União Cívica Feminina), entre outras, totalizando oito entrevistadas, mescladas entre os dois contextos apresentados.
A estreia do documentário está marcada para acontecer em São Paulo no próximo sábado, dia 24, durante o Cine Direitos Humanos, no Espaço Itaú de Cinema do Shopping Frei Caneca. A programação começa às 11h e haverá debate com as diretoras ao final. Os convites de entrada serão distribuídos 1h antes. Em breve, “Atrás de Portas Fechadas” também será exibido no Rio de Janeiro e Brasília.
Fonte – Catracalivre