Comissão do Ministério da Justiça anistia 51 pessoas em Santos

Anistia é reconhecimento de erro do Estado durante os anos da ditadura militar

Depois de concessão de anistias, houve a Marcha da Periferia, na Zona Noroeste de Santos

 

Ao todo, 51 pessoas foram anistiadas com a passagem da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça durante dois dias por Santos. Outras quatro tiveram o pedido de anistia negado. A 91ª Caravana da Anistia esteve no Município para ouvir os requerentes que buscavam, no Ministério da Justiça, ser anistiados por danos morais e financeiros durante a época da ditadura militar. A espera pela conquista do reconhecimento já dura mais de 30 anos.

“Anistia significa o reconhecimento de que o Estado errou durante os anos de ditadura, quando perseguia e devastava a vida dessas pessoas”, explica o vice-presidente da Comissão Nacional de Anistia, Claudinei do Nascimento.

Ele veio para coordenar os trabalhos da caravana. Conta que se sentiu emocionado de estar Santos, que era conhecida como Cidade Vermelha, devido à forte organização dos trabalhadores. Os sindicatos da região foram alvo dos interventores da ditadura.

Nascimento, que ouviu os requerentes durante a sessão desta sexta-feira (20), destaca um momento comovente: a concessão de uma das anistias. “Um homem negro, que foi preso pelo Estado em 1984, conseguiu agora retornar à universidade. Quando foi detido, foi impedido de estudar e até hoje não havia conseguido voltar ao curso”.

E o ato teve uma coincidência que o emocionou. “No Dia da Consciência Negra, é muito gratificante dar a um negro o direito de voltar a estudar. Ele e todos nós saímos emocionados”, diz Nascimento.

 

Interesses

Os processos analisados em Santos são relacionados a trabalhadores da Volkswagen, da Cosipa, da Mercedes Benz e da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).

A presença de jovens acompanhando o trabalho da Caravana também chamou a atenção de Nascimento. “Muitos jovens universitários e da periferia fizeram questão de participar do processo de ouvir os requerentes. Esse é um dos objetivos da Caravana: partilhar a história”.

 

Marcha

Nesta sexta-feira, após a atuação da Comissão de Anistia no Ginásio Esportivo do Dale Coutinho, na Zona Noroeste, jovens se reuniram em frente ao local para a Marcha da Periferia. Com faixas em punho, pelo menos 20 pessoas marcharam até as proximidades do Cemitério da Areia Branca, contra, principalmente, “o genocídio da população negra na favela, a mando do Estado”, explica Maria Clara Pereira, estudante de Serviço Social.

Representantes do movimento Mães de Maio – familiares das vítimas de violência policial em 2006- também se juntaram à marcha.

 

Fonte – A Tribuna

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