Um grupo de filhos e netos de pessoas presas e torturadas pela ditadura brasileira (1964-1985) realizou um ato nesta terça-feira (2) no aeroporto internacional do Galeão, no Rio de Janeiro. Pela manhã, eles receberam por cerca de quatro horas os turistas que chegavam à cidade olímpica, com cartazes com frases contra as práticas de violação dos direitos humanos ocorridas no período da ditadura e, no entendimento dos manifestantes, que continuam correndo até hoje.
“Conseguimos interagir bem com os passageiros que deixavam e chegavam ao país. Muitos se mostraram interessados em ouvir o que tínhamos a dizer, sobre como pessoas foram torturadas no Brasil e ninguém nunca foi responsabilizado por isso”, disse a artista plástica Anita Sobar, uma das organizadoras do ato e filha de Marco Antônio Victoria Barros, que pertencia à ALN (Aliança Libertadora Nacional) e que foi preso e torturado em 1969, quando tinha 20 anos, tendo passado cinco anos no presídio de Linhares, em Juiz de Fora (MG).
Anita afirmou também que o grupo que realizou o ato desta terça, chamado “Filhos e Netos por Memória, Verdade e Justiça”, protesta contra o processo de impeachment em curso no Brasil, que afastou Dilma Rousseff da presidência da República e ainda tramita no Senado.
“Em nosso entendimento, os mesmos tipos de manobras políticas que levaram ao golpe militar de 1964 resultam agora em um golpe jurídico-parlamentar-midiático contra uma presidente legitimamente eleita. São levados a cabo pelo mesmo grupo responsável pela tortura que atualmente existe no Brasil, de pessoas pobres que sofrem diariamente com a violência policial. Nós, herdeiros da resistência, desejamos construir um movimento social comprometido com a transformação social”, disse Anita.
Fonte – UOL