Ultramaratonista organiza corrida para lembrar vítimas da Ditadura militar

Rodolfo Lucena promove evento em homenagem a Ísis, desaparecida em janeiro de 1972

“Isis Dias de Oliveira presente”, com essa frase que representa a saudação e grito de resistência pela memória daqueles que lutaram bravamente contra a Ditadura militar no Brasil (1964-1985) começa a corrida e caminhada promovida pelo jornalista e ultramaratonista Rodolfo Lucena para lembrar mais uma das vítimas do regime de excessão.

Comunista e guerrilheira, Ísis participou do processo de criação da ALN (Ação Libertadora Nacional), ao lado de Carlos Marighella, Joaquim Câmara Ferreira e Virgílio Gomes da Silva. Sequestrada pela polícia política da ditadura militar em 30 de janeiro de 1972, Ísis está desaparecida há 45 anos. Seu corpo nunca foi encontrado.

A caminhada acontece nesta terça, a partir da 7h30, e tem um percurso de 12km desde a rua Oscar Freire (em frente à estação Sumaré do metrô) até a Lapa, na praça Ísis Dias de Oliveira, em frente ao número 877, da rua Albion. Por volta das 9h30, acontece a homenagem à Ísis e uma conversa com José Luís Del Roio, marido de Ísis e também fundador da ALN.

O percurso traçado para a corrida, que será intercalada com trechos de caminhada, passa por lugares importantes na vida de Ísis na capital paulista.

Corrida por Manoel

Ísis foi uma das fundadoras da ALN ao lado de Carlos Marighella Arquivo pessoal

Ísis foi uma das fundadoras da ALN ao lado de Carlos Marighella Arquivo pessoal

O evento faz parte de uma série de corridas criadas pelo ultramaratonista para celebrar a luta contra a Ditadura. Em fevereiro do ano passado, o jornalista organizou a Corrida por Manoel, em memória do metalúrgico Manoel Fiel Filho, que foi detido sem justificativa em 16 de janeiro de 1976 e  levado para o Destacamento de Operações de Informações (DOI) do 2º Exército.

Lá ele foi torturado barbaramente por diversas horas e assassinado, por estrangulamento, no dia seguinte. Os militares responsáveis pela morte do trabalhador também forjaram um bilhete de suicídio para tentar enganar a família da vítima. Além disso, lacraram o caixão para que as marcas da tortura sofrida por Fiel dentro das instalações não pudessem ser vistas.

A corrida por Manoel começou na sede do Sindicado dos Metalúrgicos de São Paulo, passou pela antiga sede do DOI-CODI e foi até uma escola pública que recebeu o nome do metalúrgico morto pela ditadura.

Em junho de 2015,  o Ministério Público Federal denunciou por homicídio triplamente qualificado e falsidade ideológica sete agentes da ditadura envolvidos no brutal assassinado do metalúrgico. Por conta da lei da Anistia, de 1979 e ainda em vigor, que perdoou todos os crimes políticos, cometidos pelos militares e pelos opositores do regime, os acusados pelo MPF não devem ser presos.

A caminhada por Manoel aconteceu em fevereiro de 2016 – divulgação
Fonte – R7

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