Dividido em dois volumes, material contém 70 mil documentos e pode ser acessado no Arquivo Público ou na internet. Cerimônia de entrega do trabalho ocorreu no Palácio do Campo das Princesas nesta segunda (25).
Depois de quatro anos e meio de trabalho, a Comissão Estadual da Memória e da Verdade Dom Helder Câmara apresentou, nesta segunda-feira (25), o Relatório Final de pesquisa e investigação de violações dos direitos humanos praticadas contra cidadãos entre os anos de 1946 e 1988. A cerimônia de entrega do trabalho, dividido em dois volumes e composto por 70 mil documentos, ocorreu no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, na área central da capital pernambucana.
Ao todo, foram colhidos 157 depoimentos de pessoas que sofreram desde o período da ditadura até o ano de 1988. De acordo com a pesquisa, as violações dos direitos humanos cometidas pelo regime militar resultaram em 51 mortes e desaparecidos políticos, lembrados durante o evento.
“Nós fizemos tudo que foi possível fazer. Fomos além do que esperávamos e aquém do que desejaríamos, porque não conseguimos esclarecer tudo. Alguns dos crimes deixaram de ser interpretados pelo decurso do tempo, pela forma como ocorreu a transição da didatura para a democracia e por outras dificuldades”, afirma o advogado Fernando Coelho, integrante da comissão.
O relatório final contém textos informativos sobre o planejamento do trabalho da Comissão Estadual da Memória e da Verdade Dom Helder Câmara e sobre as dificuldades da construção democrática no país, incluindo repercussão de acontecimentos nacionais em Pernambuco. Durante a cerimônia, a família do ex-governador Miguel Arraes, preso e exilado por 14 anos durante o período da ditadura, foi representada pelo filho mais velho do político, José Almino de Alencar Silva Neto.