É muito bom compartilhar o nosso dia a dia com pessoas que inspiram as nossas conquistas. Saulo Gomes certamente é uma destas! E neste dia tão especial não poderíamos deixar de desejar os melhores votos a quem nos ajudou a chegar até aqui.
É com grande honra que nós da ABAP parabenizamos nosso Presidente Saulo Gomes pelo seu aniversário de 90 anos.
Esperamos que o seu dia seja magnífico! Que nunca lhe falte saúde muito menos espaços para novas conquistas. Que Deus ilumine constantemente o seu caminho e traga ainda mais bênçãos para a sua vida.
Feliz Aniversário!
SAULO GOMES
Saulo Gomes nasceu em 2 de maio de 1928, na cidade do Rio de Janeiro/RJ.Iniciou sua atividade jornalística em janeiro de 1956, quando foi o primeiro colocado em um concurso no qual disputavam cerca de 200 jovens para uma vaga de repórter da Rádio Continental, uma das emissoras de destaque, na capital da República. Aos 90 anos é o mais experiente repórter ativo no chamado “jornalismo de campo e investigativo”.
Nestes mais de 60 anos de trabalho, no rádio e na TV, acumulou dezenas de prêmios e centenas de processos na justiça brasileira, comprovando sempre absoluta lisura, responsabilidade em suas reportagens, sendo absolvido em todas as ações criminais e cíveis.
Foi o primeiro jornalista cassado pela Revolução de 1964.
Nunca esteve filiado à partidos políticos; entretanto, sua independência e denúncia contra poderosos, civis ou militares, custaram-lhe treze IPMs (Inquérito Policial Militar), exílio no Uruguai e cadeia no Brasil. Além da lide jornalística, encontra tempo para realizar palestras em universidades, nas quais tenta passar sua experiência a futuros profissionais da área.
Poucos repórteres vivenciaram tantos fatos como ele.
Saulo Gomes é considerado um dos mais renomados repórteres do rádio e da televisão brasileira. Seu nome consta entre os heróis e pioneiros da história da TV no País, ao lado de Flávio Cavalcante, Murilo Antunes Alves, entre outros ícones.
Saulo Gomes sempre conduziu reportagens e documentários que alavancaram grandes índices de audiência televisiva, como o Programa Pinga-Fogo com Chico Xavier, em 1971, que depois de mais de 40 anos ainda faz sucesso.
Coube a ele, a responsabilidade de protagonizar um momento histórico, transmitido ao vivo, em 2 de maio de 1980, quando anunciou, às 16:21 horas, que a central paulista da extinta TV Tupi deixava, naquele instante, de gerar suas imagens.
No rádio, ainda jovem, também marcou presença na cobertura jornalística de importantes acontecimentos, a exemplo da catástrofe causada pelo transbordamento do açude de Orós, no Ceará, em 1960. Participou ainda de reportagens especiais para Chacrinha; Flávio Cavalcanti “Boa Noite Brasil”; Hebe Camargo; ”Brasil Urgente”; série “Os Grandes Erros Judiciários” para o Programa Jota Silvestre; reportagens especiais para o programa 3ª Visão, dirigido por César Vanucci; Programa “Ratinho Livre”; Programa “Leão Livre”; Cidade Alerta e outros.
Saulo Gomes foi homenageado, como autor local, na 11ª Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto, em 2011.
Em 2016, a pesquisadora na área de identidades culturais, romancista, a jornalista Adriana Silva, escreveu a biografia de Saulo: “Saulo Gomes o grande repórter investigativo”. Na opinião da autora essa biografia é uma grande reportagem. Esta obra conta a trajetória de Saulo Gomes que, ao se destacar como repórter policial e de política, viveu e ajudou a construir a história do Brasil.
Atualmente, Saulo Gomes está escrevendo suas memórias e passando para livros e DVDs suas reportagens mais marcantes…
Fonte – saulogomes.com.br
Saulo Gomes continua a fazer jornalismo
(…)
Entre os tantos títulos que ganhou, tem um preferido: “O repórter do Chico Xavier”. Acompanhou o médium que difundiu o espiritismo no Brasil por mais de 30 anos.
– Ele passou 24 anos afastado da imprensa. Era avesso a entrevistas. Nos tornamos amigos e confidentes.
Diz, com orgulho de inflar a voz, o resultado dos 106 processos judiciais dos quais foi alvo em seis décadas de jornalismo investigativo:
– Fui absolvido porque para todas as minhas acusações eu apresentei provas.
A história é tanta que virou biografia e homenagem. Esse texto é aperitivo. Convite a conhecer bem mais!
Saulo começou a fazer Jornalismo aos 28 anos.
O jornalista que perde as contas dos prêmios que recebeu não terminou o Ensino Médio. Aprendeu a ser grande com prática e leitura, já que a situação familiar impôs o trabalho aos 13 anos e teve que deixar a escola.
A primeira reportagem foi feita em 1956, depois de ganhar um concurso para repórter da Rádio Continental, Rio de Janeiro. No mesmo ano, foi escalado para cobrir férias do setorista político. E definiu o caminho a percorrer:
– Cobrindo os escândalos políticos eu descobri a veia da reportagem policial e investigativa. Marcou a minha vida.
Foram, então, incontáveis reportagens de vanguarda: cobriu tiroteio, sequestro, passou duas semanas viajando em uma jangada, resgatou reféns, entrevistou o general responsável pela prisão de Che Guevara, provocou o cenário político, perdeu o emprego três vezes pelas reportagens feitas.
Em 31 de março de 64, dia do golpe militar, à frente da Rádio Mayrink Veiga, ele reuniu pessoas de combate, levou para o estúdio e passou 24 horas transmitindo protestos ao regime militar.
No dia 1º de abril, os militares invadiram a rádio de maneira nada amigável e Saulo deixou o Brasil em exílio no Uruguai. Passou sete meses exilado e, quando voltou, foi preso por um ano e meio.
– Eu fui o primeiro jornalista proibido de exercer a profissão pelos militares.
Recomeçou em São Paulo. A tortura psicológica que sofreu, no entanto, teve efeito reverso do pretendido pelos torturadores.
– Eu não me calei. Iniciei uma campanha espinafrando o governo. Arrisquei minha vida para mostrar a realidade dos jangadeiros.
Nessa reportagem, feita logo após deixar a prisão, ele se aliou aos jangadeiros em busca de melhores condições. Passou duas semanas em alto mar, sem que sua esposa soubesse, sequer, se ele estava vivo ou morto. E provocou o presidente Costa e Silva, conseguindo a atenção do governo.
Quando começa a relembrar os momentos com Chico Xavier, muda o ritmo.
– Com o Chico, eu começo a falar de amor.
Saulo participou do programa Pinga-fogo, que se eternizou como registro do médium em rede televisiva. Reportou o trabalho de Chico Brasil afora.
– Até 1968, o espiritismo era tratado como ‘casa do demônio’. Com as reportagens, o Brasil passou a conhecer as lições de Chico, a respeitar o espiritismo. A minha maior felicidade é saber a lição de amor que eu trouxe pelo Chico Xavier.
Escreveu dois livros, criou laço para a vida toda. Hoje, faz palestras sobre Chico Xavier Brasil afora. A pergunta, ele diz, é sempre a mesma: Saulo é espírita?
– Sou repórter. Repórter não deve influenciar seu público declinando qual é seu time, ideologia política e religião.
O jornalismo que faz quebrar as promessas de calmaria está sempre à frente.
E como está o Saulo Gomes do presente? O jornalista em seus 89 anos?
– O Saulo de hoje ainda é um sonhador.
Há três anos e meio, é presidente da Associação Brasileira de Anistiados Políticos. Nessa semana, esteve em Brasília. Diz que alertou os demais integrantes sobre o fato de já estar com 90 anos, pensando em “respeitar as limitações da idade”.
Não houve qualquer manifestação por mudanças. Saulo – com toda sua história de combate – segue na presidência.
Acorda cedo, lê todos os jornais que couber na sua manhã, tem na esposa a companheira. É ela quem dirige, quem acessa e-mail e quem – acredite! – passa para o computador todos os escritos do jornalista, autor de quatro livros à mão.
Saulo diz que não tem intenção de amizade com o mundo virtual.
Veio de um outro tempo de jornalismo.
– Eu vejo o jornalismo de hoje com muita tristeza. Não se dá apoio, condições de trabalho ao repórter investigativo. O repórter investigativo é um profissional em extinção.
Sabe bem o que o jornalismo de corpo e alma lhe causou.
– Eu renunciei a muitas coisas. Não vivi minha juventude como os outros jovens. Minha família sofreu. Eu não vi filho nascer, cheguei atrasado no casamento de uma filha. É tudo doloroso.
Ainda hoje, evita falar da família, pela insegurança de outrora.
– Sempre escondi minha família por medo dos desafetos.
E tudo isso valeu pena?
– O resultado está aí!
Aponta para o saguão do shopping, repleto de homenagem.
Saulo é, de fato, um jornalista em extinção. De um jornalismo que não há mais. Haverá um dia?
– Eu vivi um período de ouro no jornalismo. O período de ouro vai e volta. Mas quando vai voltar eu não sei…
Promete parar quando 2018 chegar.
Logo relembra o livro engavetado pronto para a publicação, os 14 assuntos que não citou na biografia e ainda quer citar, a necessidade de compartilhar com a atual geração de jornalistas a esperança do “período de ouro”.
Quem sabe a calmaria fica para 2019, quando já tiver passado dois anos da casa dos 90?
Fonte – historiadodia.com.br – 25 de maio de 2017