“A história é justa e coloca todos em seu lugar”, afirmou nesta quarta-feira o cineasta ucraniano Oleg Sentsov, preso na Rússia e que venceu este ano o prêmio Sakharov, concedido pela Eurocâmara, por sua luta pela libertação dos presos políticos.
Por meio da voz de sua prima, Natalia Kaplan, Sentsov fez uma homenagem às “pessoas perseguidas” por ditadores durante a cerimônia de entrega do prêmio à liberdade de consciência em Estrasburgo (França).
“Você pode ser um ditador durante uma longa vida, enchendo a boca de palavras falsas, que as pessoas em tese admiram, e os líderes mundiais vão até apertar suas mãos para não brigar com você “, afirmou em un texto lido por Kaplan.
“Mas depois de sua morte, seu nome será danificado e a pessoa perseguida é aquela que ocupa seu lugar na história mundial e dá nome aos prêmios, ruas, navios”, completou, ao citar como exemplo o cientista soviético dissidente Andrei Sakharov.
Natural da Crimeia, uma península que a Rússia tomou da UCrânia em 2014, o cineasta de 42 anos está detido no centro penitenciário russo de Labytnangui, acima do círculo polar ártico.
O diretor, que tem dois filhos, foi detido em maio de 2014 e condenado em agosto de 2015 a 20 anos de prisão por “terrorismo” e “tráfico de armas”, em um julgamento considerado “stalinista” pela Anistia Internacional.
Para obter a libertação de todos os “presos políticos” ucranianos na Rússia, o diretor iniciou em maio uma greve de fome, que encerrou 145 dias depois, em outubro, para evitar a alimentação à força.
“Fisicamente está melhor, mas a greve de fome cobrou a conta. Agora tem problemas graves nos rins, fígado e coração”, afirmou à AFP Natalia Kaplan.
“Ninguém sabe se vai recuperar completamente”, disse.
Suas condições de detenção continuam sendo “muito difíceis”, mesmo após o fim da greve de fome, explicou sua prima, para quem Sentsov permanece “psicologicamente o mesmo homem”, trabalhando em roteiros e livros.
Sentsov sucede a “oposição democrática da Venezuela” no prêmio, que tem o nome do cientista Andrei Sakharov e que, desde 1998, reconhece os que deram uma contribuição excepcional para a luta pelos direitos humanos e a liberdade de consciência.
O prêmio entrega 50.000 euros ao vencedor.
Fonte – Isto É/AFP