Livro reúne as histórias de alguns dos principais radialistas do país

Obra reúne relatos de seis importantes profissionais que atuaram na época de ouro do meio de comunicação, entre eles Saulo Gomes, presidente da ABAP – Associação Brasileira de Anistiados Políticos

No próximo dia 7 de setembro, celebra-se 94 anos da primeira transmissão de rádio no Brasil. Foi em 1922. Mas a verdadeira época de ouro do rádio brasileiro ocorreu entre os anos 30 e fim dos anos 50, quando se tornou um veículo de comunicação de massa e reinou soberano até a popularização da televisão. Alguns dos seus principais personagens dessa época ainda estão atuantes, como mostra o livro O rádio e suas histórias na primeira pessoa (Editora Travessia, 292 páginas, 45 reais), do jornalista Luiz Casadei Manechini.

Na obra, Joseval Peixoto, Milton Parron, Salomão Ésper, Saulo Gomes, Vida Alves (in memoriam) e Wilson Matos, seis personalidades do rádio, narram fatos marcantes de suas trajetórias profissionais, inerentes à história do rádio e, consequentemente, aos acontecimentos do país.

Milton Parron, por exemplo, nunca pensou que seria radialista na sua vida. Mas, de tanto o pai insistir, acabou tomando gosto pelo veículo e tornou-se um dos melhores repórteres investigativos do radiojornalismo brasileiro. Ele conta nas suas memórias: “Quem gostava de rádio era meu pai, eu não! Ao contrário, odiava!”.

Salomão Ésper representa a carreira mais longa e permanente do rádio brasileiro. São mais de setenta anos ininterruptos de microfone, muitos dos quais dedicados aos comentários de notícias. É o típico imortal em vida. Sem nenhuma pressa de morrer, ele anuncia o seu epitáfio: “Aqui jaz o radialista Salomão Ésper, finalmente na gaveta”.

Vida Alves (no meio da foto, segurando um livro) iniciou a carreira como radioatriz e depois atuou nos primórdios da televisão brasileira (Arquivo pessoal de Salomão Ésper/Veja SP)

Vida Alves (no meio da foto, segurando um livro) iniciou a carreira como radioatriz e depois atuou nos primórdios da televisão brasileira (Arquivo pessoal de Salomão Ésper/Veja SP)

 

Vida Alves, que morreu no ano passado, começou a carreira com 10 anos, após ter sido reprovada no teste de radioatriz. Sua irmã Poema, com 6 anos, que precisou subir num banquinho para alcançar o microfone, foi aprovada. “Chorei e chorei. Voltei tantas vezes que se cansaram da minha insistência e arranjaram um papel de menino na novela A vingança do judeu.”

Saulo Gomes despontou como grande repórter depois de percorrer o Brasil como caixeiro-viajante, onde aprendeu a ter facilidade com o trato da palavra. Depois de fazer apresentações de espetáculos circenses, sua graduação no microfone foi na Rádio Continental: “Nós, repórteres dos anos 50, vencíamos um tempo privilegiado do jornalismo.”

Wilson Matos é o representante do interior. Na Rádio Clube de Marília, destacou-se como apresentador de programas musicais e de auditório. Mas foi como repórter que fez a cidade parar ouvir os últimos acontecimentos. “Por muitos anos, fui titular do Repórter Frigidaire, boletim de notícia extraordinária. Saía de bicicleta, era o meu meio de transporte”.

Joseval Peixoto aprendeu a irradiar futebol nos campos de futebol de várzea de Presidente Prudente e fez sucesso na locução esportiva. “Na Copa de 70, a minha estrela brilhou. Emocionado, fiz uma oração para reverenciar a conquista da taça Jules Rimet. Começava assim: ‘A deusa tão velha de histórias, com braços abertos, erguidos para o alto dos céus do Brasil!’”.

Os relatos dos radialistas contemplam, predominantemente, três empresas de comunicação de São Paulo – Bandeirantes, Jovem Pan e Tupi – com incursões por outras emissoras da capital paulista e do interior do estado, e passagens importantes pelo rádio do Rio de Janeiro. O prefácio é escrito por Heródoto Barbeiro. O livro estará disponível em versões impressa e digital, esta última com a inserção de áudios para que possa ouvir alguns momentos importantes de atuação desses profissionais no decorrer de suas carreiras.

Peixoto, Ésper, Parron e o autor devem estar presentes no evento na Casa das Rosas, autografando os exemplares que poderão ser comprados no local.

Quem adquirir o livro, vai ter acesso também a sua versão digital, que contém áudios de momentos importantes da atuação das personalidades que participam da obra.

Fonte – Veja São Paulo