O acervo conta com 132 mil imagens, discursos, registros na imprensa, artigos, fotografias, correspondências, cartas conciliares e pós-conciliares, e a transcrição das crônicas radiofônicas da Rádio Olinda
A tecnologia geralmente representa as conquistas do presente aliadas às promessas do futuro. Quando ela é utilizada para resgatar valores e memórias do passado, é imensurável o que isto pode significar, em qualquer tempo. Prova disso é o que estará à disposição de todos na próxima semana. A Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) digitalizou todo o conteúdo do Instituto Dom Helder Camara (IDHeC) e promoverá o lançamento deste Acervo Digital no dia 22 de novembro, às 16h, na Igreja das Fronteiras, bairro da Boa Vista. Dom Helder foi arcebispo de Olinda e Recife de 1964 a 1985 e um dos grandes defensores dos direitos humanos durante a ditadura militar, além de um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O acervo conta com 132 mil imagens, discursos, registros na imprensa, artigos, fotografias, correspondências, cartas conciliares e pós-conciliares, e a transcrição das crônicas radiofônicas da Rádio Olinda, no programa Um olhar sobre a cidade. Tudo poderá ser consultado no site https://www.cepe.com.br/ – onde estará hospedado o link Acervo Cepe.
Segundo o superintendente do Departamento de Digitalização, Gestão e Guarda de Documentos da editora, Igor Burgos, para esta operação foi utilizada a mesma tecnologia do Diário Oficial: o OCR, sistema que permite a busca por palavras em um documento. A mudança possibilita uma navegação muito mais fácil e objetiva. “Todo o processo durou aproximadamente um ano, com o envolvimento de uma média de 15 pessoas. Primeiro, foi feita a catalogação por parte do Instituto. Depois, fizemos a captura fotográfica deste material para que ele não fosse manuseado”, explica.
A ferramenta foi criada para abrigar os documentos da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Camara. Depois, passou a conter outros relativos ao regime militar como os referentes à morte do Padre Henrique e o atentado do Aeroporto dos Guararapes, em 1966. “O site possui uma média de mil acessos por mês. Pela importância que tem dom Helder para a história do país, acredito que este acesso deva até dobrar. Além disso, trata-se de uma ferramenta de fácil acesso, prática, de busca por palavras em um rico acervo. Toda a história relativa ao arcebispo estará lá e o pesquisador entenderá melhor quais as suas ideias e como ele as propagava”, afirma.
Na segunda-feira, durante lançamento do Congresso Eucarístico Nacional de 2020, na Matriz do Espinheiro, o frei Jociel Gomes, vice-postulador da causa de beatificação de dom Helder, anunciou que em 16 de dezembro, três anos após a abertura do procedimento, acontecerá, na Cúria Metropolitana da arquidiocese, o encerramento da sessão do processo de beatificação na fase diocesana. Será lacrada a documentação para ser remetida à Congregação da Causa dos Santos, no Vaticano.
O frade informou que foram reunidos mais de cem mil documentos comprobatórios e citou a existência de um milagre pós-morte atribuído à intervenção do candidato a santo – uma cura pela intercessão de dom Helder que ainda não pode ser informada em detalhes, segundo Jociel Gomes. Caso se comprove o fato, Helder será nomeado beato. Para que seja canonizado e considerado santo, é necessária a comprovação de outro milagre após a sua beatificação.
Fonte – Diario de Pernambuco