Comissão da Verdade não pretende ouvir Dilma, afirma Dipp

Na semana passada, foi revelado relato de 2001 da presidente em MG. Ex-delegado do Dops confirmou informações publicadas em livro

De acordo com Dipp, os membros da Comissão da Verdade descartaram um novo depoimento da presidente Dilma Rousseff Foto: Reprodução

O presidente da Comissão da Verdade e ministro do Superior Tribunal de Justiça, Gilson Dipp, afirmou na noite desta segunda-feira (25) que a comissão não pretende convidar a presidente Dilma Rousseff para depor sobre as torturas sofridas durante a ditadura militar. Ele ressalvou, no entanto, que algum membro poderá ouvi-la caso ela tenha interesse.

Na semana passada, os jornais “Correio Braziliense” e “Estado de Minas” publicaram trechos de um depoimento dado por Dilma em 2001 ao Conselho Estadual de Direitos Humanos de Minas Gerais (Condedh-MG). No depoimento, Dilma relata as torturas que sofreu quando foi presa pelo regime militar, como choques elétricos e socos no maxilar.

De acordo com Dipp, os membros da Comissão da Verdade descartaram um novo depoimento da presidente Dilma Rousseff. Na semana passada, quando foi revelado o depoimento até então desconhecido de Dilma, a comissão enviou um grupo de pesquisadores ao Conedh-MG para acessar o arquivo.

Depoimentos

Pela manhã, a Comissão da Verdade ouviu o depoimento do ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), Cláudio Antônio Nogueira Guerra. Ele é autor do livro “Memórias de uma Guerra Suja”, que detalha casos de tortura e assassinatos políticos ocorridos durante a ditadura militar.

De acordo com Dipp, Guerra confirmou à comissão as informações relatadas em livro e citou o nome de alguns colegas que podem contribuir com novas informações. Não há previsão de quando as pessoas serão ouvidas. O depoimento do ex-delegado durou cerca de duas horas.

Em seu livro, Guerra revela métodos usados pelo regime militar contra os considerados inimigos políticos. Ele conta, por exemplo, que foi responsável por incinerar os corpos de dez presos políticos na fornalha de uma usina na cidade de Campos, no estado do Rio de Janeiro.

Gilson Dipp afirmou ainda que a Comissão da Verdade também tem interesse em ouvir o tenente-coronel reformado Paulo Malhães. Em reportagem do jornal “O Globo” desta segunda, Malhães conta que jacarés e uma jiboia eram usados nas sessões de tortura ocorridos em uma casa de Petrópolis. A residência, conhecida como “Casa da Morte”, era utilizada pelos militares para aprisionar e torturar presos políticos.

Subcomissões
Rosa Maria Cardoso da Cunha, que foi advogada da presidente Dilma durante a ditadura militar e que também integra o colegiado, afirmou que duas subcomissões serão criadas para auxiliar os trabalhos. Uma será responsável por catalogar e sistematizar os documentos recebidos e utilizados pela comissão e outra atuará no relacionamento com a população e na coleta de depoimentos.

 

Fonte – Jornal Extra Alagoas

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