Ex-presos políticos e familiares de vítimas da ditadura militar estiveram ontem na Assembleia Legislativa para um acerto de contas com o Estado brasileiro e com suas próprias histórias. Foram conferir a Caravana da Anistia, evento organizado pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça para julgar processos referentes ao período da ditadura (1964-1985). Trinta e cinco requerimentos de anistia e indenização seriam julgados pela caravana em um só dia.
Várias famílias do Ceará e de outros estados acompanharam a abertura dos trabalhos. São histórias como a da professora de Recife, Verônica Freire, que, junto com a nora e dois filhos, esperava o julgamento que poderia aliviar um pouco da dor pela perda do marido, falecido há 18 anos.
Segundo Verônica, ele morreu de problemas no coração, que, em parte, resultaram das diversas torturas sofridas nas vezes em que esteve preso durante a ditadura, conforme ela conta. “Não tem nada no mundo que traga ele de volta, mas estou aqui hoje para que meus filhos vejam a importância que ele teve”, diz Verônica, entre lágrimas.
Na cerimônia de abertura da Caravana foram entregues certificados de anistia política a cinco vítimas da ditadura no Ceará. “Essa reparação é uma forma de reconhecer todas aquelas violações de diretos humanos que aconteceram contra essas pessoas durante o período da ditadura militar”, disse a deputada Eliane Novais (PSB), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia.
Após o primeiro julgamento, no plenário da Assembleia, 15 conselheiros e o presidente da Comissão da Anistia e secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, se dividiram em três grupos para julgar os processos restantes.
Fonte – O Povo