Estudo servirá de base para Comissão da Verdade

Mapa aponta uso de sítio clandestino em São João de Meriti

Para desenvolver o mapa, que servirá de base para as investigações da Comissão Nacional da Verdade, os pesquisadores do Projeto República classificaram os centros em quatro categorias: militares, policiais civis, clandestinos e híbridos (compartilhado entre militares e policiais civis). Uma das novidades apontadas pelos pesquisadores do grupo é um sítio em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.

Entre os locais mais conhecidos por tortura, morte ou desaparecimento de militantes que combateram o regime estão os temidos Destacamentos de Operações de Informações – Centros de Operações de Defesa Interna (DOI-Codis) de São Paulo e do Rio de Janeiro, e os Departamentos de Ordem Política e Social (Dops). Já entre os clandestinos, estão a Casa da Morte, em Petrópolis, e o Sítio 31 de Março, mas o número total, como demonstram pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais, pode ser muito maior.

– O mapa não é definitivo. Espero que sirva de estímulo para outros pesquisadores continuarem procurando e identificando centros de tortura – disse Heloísa Starling, coordenadora do projeto.

Em junho, o GLOBO publicou uma série de reportagens com relatos do coronel Paulo Malhães, primeiro agente da repressão a admitir que atuou na Casa da Morte. Malhães revelou que o local teria sido utilizado como “casa de conveniência” para formar infiltrados nas organizações de esquerda.

Iniciado em 2007, o estudo está sustentado pelo mapeamento feito pelos pesquisadores. Outro objetivo é produzir um mapa dos acervos disponíveis. A equipe é formada por 20 pessoas, entre alunos de graduação, mestrado e doutorado. Na segunda-feira, os estudantes também mostrarão um vídeo com imagens da repressão, entre as quais uma filmagem inédita do delegado paulista Sérgio Paranhos Fleury em uma cerimônia de condecoração da Marinha.

A professora fez questão de ressaltar que a prática da tortura se instalou desde o início do regime, mas teria se materializado como política de Estado no período compreendido entre os anos de 1969 e 1977, época em que se registra a maior parte das mortes e desaparecimentos de guerrilheiros.

Além da apresentação do estudo, a comissão realizará uma audiência pública com ex-presos e familiares de mortos e desaparecidos, além de debates com convidados como os professores Carlos Fico, Maria Celina D”Araújo e o teólogo Leonardo Boff.

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