No caso de perseguidos políticos, de acordo com o conceito global de “reparação”, é dever do Estado não limitá-la à restituição de direitos ou à compensação financeira. Todos aqueles que, de algum modo, sofreram perseguições, torturas e prisões no período da ditadura militar brasileira merecem, nos termos da lei, muito mais do que reparações individuais, mas iniciativas coletivas, que envolvam a sociedade em um processo de afirmação da sua memória, de reabilitação moral dos perseguidos e, principalmente, que estimule a não-repetição do autoritarismo.
Em depoimentos de 100 perseguidos políticos é possível conhecer mais sobre o início do Golpe de 64, o movimento estudantil, os exílios, as torturas e as prisões
Pensando assim, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, desde sua fundação, em 2001, procura pôr em prática um “programa de reparação”, que integre, entre outros, a escuta dos perseguidos políticos, sobre o passado e suas relações com o presente.
É nesse contexto que o livro “68 – A Geração que Queria Mudar o Mundo” é lançado. A obra, resultado do projeto “Marcas da Memória”, desenvolvido pela Comissão de Anistia, é composta por mais de 170 relatos de 100 colaboradores, que esmiúçam episódios vividos de 1964 até a abertura política.
Organizada por Eliete Férrer e Leoncio Queiroz, o livro reúne, entre os depoentes, diversos cearenses e, em homenagem aos 33 anos da assinatura da Lei de Anistia, tem lançamento também no Ceará. Integrando a 60ª Caravana da Anistia, o evento é promovido pela Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado do Ceará (Sejus), por meio da Comissão Especial de Anistia Wanda Sidou, e será realizado hoje, às 10h.
Memória
É interessante o ponto de vista da Comissão de Anistia ao defender que o Regime Militar no Brasil precisa ser considerado um sinônimo de memória. De acordo com o livro, defende-se que é preciso manter a lembrança da ditadura ainda viva para que um Brasil livre seja sempre um bom motivo pelo qual lutar.
Através do índice, pode-se acessar o depoimento dos personagens por acontecimento: o dia do Golpe, a opressão da ditadura, as passeatas e manifestações, a morte de Che Guevara, a luta armada, as torturas, a solidariedade dos prisioneiros, além de relatos de exilados em países como França, Inglaterra e Suécia.
A apresentação da organizadora, Eliete Férrer, esclarece o teor da publicação. “Há todo tipo de relatos: sérios, engraçados, trágicos, pitorescos, emocionantes ou não, simples” e acrescenta “Seu foco são as experiências pessoais entremeadas de breves contextualizações históricas”.
Como forma de democratizar o acesso a esses depoimentos, “68 – A Geração que Queria Mudar o Mundo” será distribuído gratuitamente.
Para recebê-lo, basta enviar e-mail para eliete@centroin.com.br No assunto da mensagem, deve-se colocar o nome do livro e enviar seu nome e seu endereço completos, incluindo CEP.
Para a solenidade de lançamento do livro, a Secretaria de Justiça disponibilizará gratuitamente mais de 100 livros aos que se cadastrarem no site (http://www.sejus.ce.gov.br/)
LIVRO
68 – A Geração Que Queria Mudar o Mundo
Eliete Férrer e Leoncio Queiroz (org.)
comissão de anistia
2012, 690 páginas
Gratuito
Mais informações
Lançamento do livro “68 – A Geração que Queria Mudar o Mundo”. Hoje, às 10h, no auditório da Secretaria de Justiça e Cidadania (R. Tenente Benévolo, 1055, Meireles). Contato: (85) 3101.4925