A advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha, que foi advogada da presidente Dilma Rousseff durante a ditadura militar (1964-85), será integrante da Comissão da Verdade. “Recebi agora o comunicado da presidente”, disse ela há pouco à Folha.
Rosa também atuou na defesa de Carlos Franklin Paixão de Araújo, ex-marido de Dilma que também foi preso político.A presidente deve anunciar nesta noite os nomes dos sete membros da Comissão da Verdade, aprovada em novembro e que deve sair do papel nas próximas semanas. O objetivo da comissão será apurar as violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988 (que abrange o governo do presidente Eurico Gaspar Dutra até a publicação da Constituição Federal).
Além de Dilma, Rosa Maria Cardoso da Cunha atuou na defesa de outros presos políticos na ditadura. Ela tem 65 anos e é dona de um escritório de advocacia no Rio de Janeiro.
Processo que a ditadura abriu contra Dilma e seus colegas da VAR-Palmares, que ficou trancado em cofre no STM (Superior Tribunal Militar) e só liberado depois de três meses de disputa judicial travada pela Folha, em 2010, mostra a atuação da advogada em defesa da hoje presidente.
Rosa Cardoso, inclusive, chegou a ser perseguida pela defesa que fez dos presos políticos. “Éramos vigiados e as petições eram feitas sempre com muita reserva. Sabíamos que os processos eram copiados para os órgãos de segurança”, afirmou ela à Folha em janeiro de 2011.
Uma das petições de Rosa, entre as mais de 3.000 páginas do processo contra a hoje presidente, revela um pedido para que ela voltasse a ter tratamento dentário, que havia sido interrompido pelos militares na prisão. Rosa também pedia exames médicos, como tratamento ginecológico.
Outro indicado para integrar a Comissão da Verdade deve ser o professor Paulo Sérgio Pinheiro, atual presidente da Comissão Internacional Independente de Investigação da ONU para a Síria.
Pinheiro tem uma longa experiência com a justiça internacional. Já atuou na Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA, investigou crimes em países da África e foi ministro dos Direitos Humanos durante parte do governo Fernando Henrique Cardoso. Foi ainda colaborador do ex-presidente Lula, no início dos anos 90, quando o petista criou o chamado “governo paralelo”, que investigou as irregularidades no governo Fernando Collor.
Fonte – Folha de S.Paulo