Nesse misto de documentário e ficção, a resposta tem duas versões: a loucura e a sobrevivência. Quem enlouquece, tem direto à internação e ao isolamento. De quem sobrevive, cobra-se o esquecimento. A tortura fica em segundo plano. A sociedade reduz tudo ao silêncio – mas a ex-presa sabe que, mesmo em silêncio, terá que conviver por toda a vida com a experiência por que passou.
Mais do que descrever e enumerar sevícias, o filme mostra o preço que essas mulheres pagaram, e ainda pagam, por terem sobrevivido lúcidas à experiência de tortura. Para diferenciar a ficção do documentário, Lúcia Murat optou por gravar os depoimentos das ex-presas políticas em vídeo, como o enquadramento semelhante ao de retrato 3×4; filmar seu cotidiano à luz natural, representando assim a vida aparente; e usar a luz teatral, para enfocar o que está atrás da fotografia – o discurso inconsciente do monólogo da personagem de Irene Ravache.
Ficha Técnica
Título original: Que Bom Te Ver Viva
Gênero: Semi-Documentário
Duração: 100min.
Lançamento (Brasil): 1989
Distribuição: Embrafilme
Direção: Lúcia Murat
Roteiro: Lúcia Murat
Assistente de Direção: Adolfo Orico Rosenthal
Produção: Lúcia Murat
Direção de Produção: Kátia
Co-produtor: Maria Helena Nascimento
Direção de Fotografia: Walter Carvalho
Co-produção: Taiga Produções Visuais e Fundação do Cinema Brasileiro
Música Original: Fernando Moura
Trilha Sonora: Aécio Flávio
Arranjos: Aécio Flávio
Som direto: Heron Alencar
Mixagem: Roberto Leite
Direção Artística: Adolfo Orico Rosenthal
Cenografia: Beatriz Salgado
Figurinos: Beatriz Salgado
Montagem: Vera Freire