Espetáculo A Prova de Fogo de Consuelo de Castro chega a São Paulo

Espetáculo teatral narra os embates sofridos pelos estudantes contra a repressão

O espetáculo A Prova de Fogo, de Consuelo de Castro, chega a São Paulo nos dias 11 e 12 de setembro, terça e quarta-feira, na Sala Funarte Carlos Miranda. Serão duas apresentações por dia às 19hs e 21hs, com entrada franca. Antes do início da peça será exibido um documentário com depoimentos de Alípio Freire, José Dirceu, Wanderley Caixe, Marcelo Rubens Paiva e Fernando Gabeira. Realização: Casa da Gávea. O espetáculo faz parte do Projeto Marcas da Memória – Comissão de Anistía – Ministério da Justiça.

Direção e adaptação de Vera Fajardo. Elenco: Igor Vogas, Mariela Figueredo, Maria Ana Caixe, Daniel Lopes, Camila Moreira, Kalísley Rosinski, Victor Gorgulho, Pedro Henrique Nunes, Pedro Logän e Marcéu Pierrotti, Iluminação: Moisés Farias. Figurino: Letícia Ponzi. Cenário: Vera Fajardo e Pedro Logän.

A Prova de Fogo foi a base do curso de interpretação idealizado porPaulo Betti que teve, em seus primeiros momentos, a participação dos quatro sócios e amigos da Casa da Gávea (Vera Fajardo, Paulo Betti, Rafael Ponzi e Cristina Pereira). Encantada com a possibilidade de realizar um trabalho mais aprofundado com esses talentosos atores, Vera escolheu prosseguir na longa jornada e enfrentar o desafio de dirigir o belo e comovente texto de Consuelo de Castro. Resgatar o emblemático ano de 1968 é relacionar o fervor político às transformações humanas desencadeadas pela negação às regras. É ligar a nossa juventude, humanamente, ao passado, revelando as contradições, o medo, a opressão, os valores, a crença no coletivo e as paixões.

Sobre o Texto

A Prova de Fogo se passa durante a ocupação do prédio de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), na rua Maria Antônia, em 1968, às vésperas do AI-5. A trama narra os embates sofridos pelos estudantes contra a repressão e as divergências ideológicas entre o líder estudantil Zé Freitas e seus opositores dentro do próprio movimento. Freitas propõe a desocupação da Faculdade, em aceitação às exigências do governo, mas é deposto pelos estudantes que defendem uma postura ofensiva no confronto com a polícia. Envolvidos pela atmosfera tensa da ditadura militar, os conflitos políticos e humanos se intensificam durante a narrativa, revelando também a efervescente revolução cultural da época.

Freitas vive o fim de um relacionamento com Júlia Silva, sua opositora, ao mesmo tempo em que se envolve com Rosa Prado, uma jovem burguesa que perde a virgindade com o líder estudantil.

“A Prova de Fogo é um dos mais verdadeiros e importantes documentos do país. Quem desejar entender, no futuro, o que se passou no Brasil, de 1964 a 1968, precisará tomar conhecimento da peça. E ela não ilumina apenas um período, mas todo um processo. Deve ser encarada, portanto, como uma das obras que trouxeram uma contribuição efetiva à dramaturgia brasileira: com grandeza do tema e da situação, exemplaridade das personagens, boa arquitetura cênica e eficácia do diálogo.” Sábato Magaldi

“A Prova de Fogo não é a resposta. Não pleiteia nada, nem contra nem a favor de ninguém. É testemunho, com todas as qualidades de um bom testemunho: honestidade, boa fé, objetividade. O que Consuelo de Castro viu, soube transmitir com emoção, ironia, distanciamento e imaginação dramática.” Décio de Almeida Prado

 

Sobre a Autora

Escrito em 1968, A Prova de Fogo é o texto de estreia da autora Consuelo de Castro, proibido pela censura durante anos e sendo premiado em 1974 pelo Serviço Nacional de Teatro (SNT), com o título de “A Invasão dos Bárbaros”.

Consuelo ainda é autora de “À Flor da Pele”, de 1969 (Prêmio da Associação Paulista de Críticos Teatrais – APTC). Em 1974, com “Caminho de Volta” ganhou o Prêmio Molière, o APTC e o prêmio Governador do Estado de São Paulo como melhor autora teatral. No ano seguinte, “O Porco Ensangüentado” e “A Cidade Impossível de Pedro Santana” venceram o concurso de dramaturgia do SNT. Na década de 80, escreve “Louco Circo do Desejo”, “Script-Tease” e “Uma Caixa de Outras Coisas”, espetáculo de 1987, dirigido por Antônio Abujamra. Tem seu texto “Medéia: Memórias do Mar Aberto” lido no auditório da Folha de S.Paulo em 1997 assim como “Making Off”, de 1999. “Only You” ganha a cena em 2000 sob a direção de José Renato.

“Representante destacada da brilhante geração de dramaturgos surgida sob a ditadura, Consuelo de Castro é, entre os autores dessa geração, talvez a que possui o corpo de obra mais volumoso e diversificado. Em comum com os outros, ela tem o sentimento de inconformismo e indignação que perpassa tudo que ela escreve. O que a distingue dos outros é a sua excepcionalmente visceral noção de teatralidade, um diálogo notavelmente colorido, que ela cria com uma espantosa espontaneidade, e uma inquietação que a faz partir sempre em busca de novos caminhos”. Yan Michalski

 

Sobre a Diretora

“A Prova de Fogo” é a primeira direção da atriz Vera Fajardo. Vera, que tem praticamente todos os seus 39 anos de carreira dedicados ao teatro, produzindo a maioria de seus espetáculos, atuou em peças como “3 Maneiras de se Dançar um Tango”, “Obscena Senhora D“, “Perversidade Sexual em Chicago”, “Baal”, “Há Vagas para Moças de Fino Trato”, “Bente Altas – Licença pra Dois”, “Álbum de Família”, “Trivial Simples”, “Os Órfãos de Jânio”, “O Caso do Vestido”, “O Homem que Viu o Disco Voador”, “Relicário de Rita Cristal”, “O Mundo é um Moinho”, “Eu Augusto dos Anjos”, “Hedda Gabler” e “A Tartaruga de Darwin”, do espanhol Juan Mayorga, encenada este ano, em comemoração aos 40 anos de carreira de Cristina Pereira, com direção de Paulo Betti e Rafael Ponzi. Sócia fundadora da Casa da Gávea, Vera criou e dirigiu o Ciclo de Leituras da Casa por 12 anos.

 

Objetivo

Este projeto tem como objetivo levar o espetáculo principalmente para a classe jovem e estudantil com ampla informação e reflexão dos acontecimentos durante o regime ditatorial brasileiro, contribuindo para a conscientização daqueles que não viveram naquele período, preservando hoje a memória dos fatos e prevenindo o futuro para a não repetição daqueles atos arbitrários. Antes do espetáculo, será exibido um documentário de aproximadamente 20 minutos com depoimentos de Alípio Freire, José Dirceu, Wanderley Caixe, Marcelo Rubens Paiva e Fernando Gabeira.

 

Apresentação do Projeto Marcas da Memória

Marcas da Memória: Um projeto de memória e reparação coletiva para o Brasil Criada há dez anos, em 2001, por meio de medida provisória, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça passou a integrar em definitivo a estrutura do Estado brasileiro no ano de 2002, com a aprovação de Lei n.º 10.559, que regulamentou o artigo 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

Tendo por objetivo promover a reparação de violações a direitos fundamentais praticadas entre 1946 e 1988, a Comissão configura-se em espaço de reencontro do Brasil com seu passado, subvertendo o senso comum da anistia enquanto esquecimento. A Anistia no Brasil significa, a contrário senso, memória. Em seus 10 anos de atuação, o órgão reuniu milhares de páginas de documentação oficial sobre a repressão no Brasil e, ainda, centenas de depoimentos, escritos e orais, das vítimas de tal repressão. E é deste grande reencontro com a história que surgem não apenas os fundamentos para a reparação às violações como, também, a necessária reflexão sobre a importância da não repetição destes atos de arbítrio.

É neste contexto que surge o projeto “Marcas da Memória”, que expande ainda mais a reparação individual em um processo de reflexão e aprendizado coletivo, fomentando iniciativas locais, regionais e nacionais que permitam àqueles que viveram um passado sombrio, ou que a seu estudo se dedicaram, dividir leituras de mundo que permitam a reflexão crítica sobre um tempo que precisa ser lembrado e abordado sob auspícios democráticos. Para atender estes amplos propósitos, as ações do Marcas da Memória estão divididas em quatro campos: a) audiências públicas; b) projetos de coleta de história oral; c) chamadas públicas de fomento à iniciativas da Sociedade Civil, como a que selecionou o presente projeto; d) publicações.

O projeto Marcas da Memória reúne depoimentos, sistematiza informações e fomenta iniciativas educativas, intelectuais e culturais que permitam a toda sociedade conhecer o passado e dele extrair lições para o futuro. Seu objetivo é descentralizar do Estado o processo de fomento à memória histórica sobre as violações aos direitos humanos e de cidadania ocorridos no passado, garantindo a insurgência de memórias plurais, que reflitam a diversidade de perspectivas que o povo brasileiro tem de sua própria história.

Comissão de Anistia do Ministério da Justiça

 

Ficha Técnica

Texto: Consuelo de Castro

Direção e Adaptação: Vera Fajardo

Elenco: Igor Vogas

Mariela Figueredo

Maria Ana Caixe

Daniel Lopes

Camila Moreira

Kalísley Rosinski

Victor Gorgulho

Pedro Henrique Nunes

Pedro Logän

Marcéu Pierrotti

 

Iluminação: Moisés Farias

Figurino: Letícia Ponzi

Cenário: Vera Fajardo e Pedro Logän

Supervisão de Cenário: Letícia Ponzi

Trilha Sonora: Vera Fajardo

Direção Musical e Canções Originais: Pedro Logän

Operadora de som e Sonoplastia: Ângela Sant’anna

Preparação Corporal: Duda Maia

Preparação Vocal: Jaqueline Priston

Assistente de Direção: Maria Alice Mansur

Projeto Gráfico: Pedro Logän

Direção de produção:  Andréia Fernandes e Lya Baptista

Realização:  Casa da Gávea

O espetáculo faz parte do Projeto Marcas da Memória – Comissão de Anistía – Ministério da Justiça.

 

Serviço:

A Prova de Fogo, de Consuelo de Castro

Dias 11 e 12 de setembro, terça e quarta-feira

Duas apresentações diárias

Horários: 19hs e 21hs

Duração da peça 1h15

Duração do documentário: 20 minutos

Sala Funarte Carlos Miranda Alameda Nothmann, 1058 Campos Elisios – SP

Tel.:  (11) 3662-5177

Classificação indicativa: 14 anos

Entrada Franca

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