Trabalho da Comissão da Verdade repercute entre os deputados

Integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara elogiam, em discursos em Plenário, a atuação da Comissão da Verdade . Em maio deste ano, a presidente Dilma Rousseff deu posse aos sete membros da comissão que investiga as violações aos direitos humanos cometidas entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar.

O trabalho do grupo já apresenta resultados e repercute entre os deputados. A comissão decidiu, por exemplo, apurar os crimes cometidos pelo Estado durante o regime militar, restringindo as investigações aos agentes públicos.

Outra recente decisão foi investigar as atividades da Operação Condor, uma aliança entre os governos militares do Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai para reprimir e prender grupos que se opunham às ditaduras. O assunto já foi tratado em seminário promovido pela Câmara. A deputada Erika Kokay, do PT do Distrito Federal, primeira vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos, elogiou as duas iniciativas.

“Esse Brasil não pode sair da ditatura como se ela não tivesse acontecido. Nós precisamos fazer o luto, o luto para que nós possamos fechar os ciclos. A Comissão da Verdade significa, portanto, ela significa um espaço para que nós possamos conhecer e colocar a luz da democracia, da transparência, sobre os fatos que aconteceram nesse Brasil”.

O deputado Luís Couto, do PT da Paraíba, elogiou a decisão da Justiça de mudar o atestado de óbito do jornalista Vladimir Herzog, morto pela repressão durante o regime militar, mas cuja certidão de óbito indicava morte por suicídio. A mudança ocorreu a pedido da Comissão da Verdade e pode atingir outras vítimas da ditadura.

“Daqui pra frente constará que a morte do jornalista Vladimir Herzog decorreu de lesões e maus tratos sofridos em dependências do segundo exército de São Paulo. É mais uma prova da importância da Comissão da Verdade, pela decisão de que a memória e a verdade, elas virão e serão investigadas, não aqueles que foram vítimas, mas a verdade virá à tona, a memória será recuperada”.

Associações de militares de todo país reagiram às decisões e lamentaram em notas que só um lado da história será ouvido. Em editorial, o general Clóvis Bandeira, assessor da presidência do Clube Militar, critica, afirmando que já está decidido quem é bandido e quem é mocinho. O grande receio da categoria é que os militares sejam “sumariamente julgados” nesse processo.

A Comissão da Verdade terá dois anos para apresentar um relatório com a narrativa e as conclusões sobre os crimes cometidos. Na Câmara, foi criada a Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça para acompanhar e auxiliar os trabalhos da Comissão da Verdade criada no Executivo.

 

Fonte – Câmara dos Deputados

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