A Comissão Nacional da Verdade (CNV) ouviu neste domingo (18) o depoimento de três ex-soldados que atuaram no combate à Guerrilha do Araguaia, no início da década de 1970. Os relatos marcaram o fim do encontro de três dias da CNV com indígenas e camponeses em Marabá (PA).
Os soldados foram localizados por Paulo Fonteles, liderança em direitos humanos em Belém (PA). Eles fazem parte das investigações da CNV. “Eles também guardam muito sofrimento. Torturaram ou assistiram práticas de tortura e isso os afetou psicologicamente. Tanto que hoje recebem atendimento”, disse a psicanalista Maria Rita Kehl, membro da CNV.
Segundo a conselheira, os depoimentos registrados durante todo o encontro não são novidade na região. O papel da comissão foi registrá-los e envolver indígenas e camponeses nas investigações que deverão compor o relatório final da CNV, que será entregue no dia 16 de maio de 2014.
“Eles vão nos ajudar no que não conseguimos fazer sozinhos. Vão elaborar um relatório próprio e nos ajudar a encontrar documentos, que darão suporte às nossas investigações”.
O encontro marcou a criação da Comissão da Verdade Suruí, a ser conduzida pelos próprios indígenas da etnia e o anúncio da Comissão dos Camponeses do Araguaia. A plenária de sábado (17), um dos principais momentos, reuniu mais de 140 pessoas, entre indígenas e camponeses. A maioria não mora na cidade e viajou para estar presente na Câmara dos Vereadores de Marabá.
Revolução comunista
Guerrilha do Araguaia foi um movimento guerrilheiro existente na região amazônica brasileira, ao longo do rio Araguaia, entre fins da década de 1960 e a primeira metade da década de 1970. Criada pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), uma dissidência armada do Partido Comunista Brasileiro (PCB), tinha por objetivo fomentar uma revolução socialista, a ser iniciada no campo, baseada nas experiências vitoriosas da Revolução Cubana e da Revolução Chinesa.
Combatida pelo Exército a partir de 1972, quando vários de seus integrantes já haviam se estabelecido na região há pelo menos seis anos, o palco das operações de combate entre a guerrilha e o Exército se deu onde os estados de Goiás, Pará e Maranhão faziam divisa. Seu nome vem do fato de se localizar às margens do rio Araguaia, próximo às cidades de São Geraldo do Araguaia e Marabá no Pará e de Xambioá, no norte de Goiás (região onde atualmente é o norte do estado de Tocantins, também denominada como Bico do Papagaio).
Fonte – Midia News