Polícia prende suspeitos de matar coronel que mantinha arquivos da ditadura

Quatro pessoas foram presas na manhã de hoje, em Porto Alegre, suspeitos de envolvimento na morte do coronel reformado do Exército Júlio Miguel Molinas Dias, 78, em novembro. Dois dos presos são policiais militares. 

A ação, chamada de Operação Mosaico, levou à prisão dos suspeitos, três homens e uma mulher, que foram encaminhados ao 20º DP de Porto Alegre. Foram apreendidas ainda armas, celulares, computadores e munição.

O crime ocorreu no dia 1º de novembro, por volta das 21h. O coronel Molinas Dias foi abordado quando entrava em casa, em um bairro da zona norte da capital gaúcha. De acordo com a Polícia Civil, o coronel foi morto em uma tentativa frustrada de roubo das armas que mantinha em sua casa.

Molinas Dias comandou o DOI-Codi –braço repressor do regime militar (1964-1985)– no Rio de Janeiro na época do episódio Riocentro, nos anos 1980.

Ele mantinha um acervo de documentos da época, que foram entregues por sua família à polícia para tentar auxiliar nas investigações do homicídio. Para a polícia gaúcha, não há relação entre a morte do coronel e sua atuação durante o ditadura militar.

Entre os documentos que eram mantidos por Molinas Dias há um termo do Exército que confirma a apreensão de objetos pessoais do ex-deputado federal Rubens Paiva no DOI-Codi, além de relatos sobre o atentado do Riocentro de 1981.

O termo é a primeira prova documental de que Paiva esteve nas dependências do DOI-Codi antes de seu desaparecimento, em 1971. O ex-deputado federal foi levado de casa por agentes da ditadura e nunca mais foi visto. Até hoje não se sabe como ou quando ele morreu. Seu corpo nunca foi encontrado.

Ocorrido em 1981, o atentado do Riocentro teria sido cometido por militares contrários à abertura do regime, promovida pelo então presidente João Figueiredo (1979-1985).

Uma bomba explodiu acidentalmente dentro de um carro em que estavam dois militares, durante show em comemoração ao Dia do Trabalho. Um dos ocupantes do carro, o sargento do Exército Guilherme Pereira do Rosário, morreu devido à explosão.

 

Fonte – Folhapress

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