“É como se dissesse ‘olha essa pessoa, agora tem um documento oficial que diz que a data é esta’. Aqui já tem uma luz bem clara, mas que necessita de confirmação.”
Na avaliação de Rosa Cardoso, também membro da CNV, a lista demonstra que havia um trabalho sistemático e organizado dos agentes da repressão a respeito de nomes e datas de morte de militantes contra a ditadura.
“Essa precisão de datas de mortes mostra que eles sabem o que aconteceu e que isso foi divulgado para um certo número de militares que trabalhavam nos organismos de segurança. Eles devem ter esse tipo de registro até hoje em algum lugar”, disse.
Primo de Beto, o intérprete Sérgio Ferreira investiga seu desaparecimento desde os anos 1970. De acordo com Ferreira, à época a família foi a Brasília, contratou advogados, buscou por Beto em todas as instituições militares.
Mas nunca foram encontrados documentos oficiais de sua prisão. Para Ferreira, a data apontada no documento localizado pela Folha é coerente com um relatório da Anistia Internacional de 1974, que fazia referência à morte de Beto em abril de 1971.
“Acho muito possível por ser exatamente dois meses depois da prisão. É muito provável que eles o tenham mantido porque Beto teve uma militância longa, conhecia muita gente”, disse Ferreira.