O Ministério da Defesa confirmou o encontro, mas os comandos de Exército, Marinha e Aeronáutica não se pronunciaram. Pela Comissão da Verdade compareceram o coordenador Cláudio Fonteles, ex-procurador-geral da República; Paulo Sérgio Pinheiro, ex-ministro dos Direitos Humanos; e Rosa Cardoso da Cunha, ex-advogada de presos políticos, entre eles a presidente Dilma Rousseff.
Foi um encontro e uma conversa sem sobressaltos, mas marcado pela firmeza dos dois lados. A Comissão da Verdade cobrou documentos dos arquivos oficiais. Os militares, por sua vez, sugeriram que os pedidos do grupo que investiga crimes da ditadura sejam mais específicos, menos genéricos.
— Não foi um encontro formal, mas foi um diálogo franco e tudo posto com muita tranquilidade. Com equilíbrio. Mas colocamos com muita clareza que uma experiência ditatorial não pode se repetir no país — disse Cláudio Fonteles.
Do lado da Defesa, além dos três comandantes militares — Enzo Peri (Exército), Juniti Saito (Aeronáutica) e Júlio de Moura Neto (Marinha) — e de Amorim, compareceu também o chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos De Nardi. Os militares afirmaram que há boa vontade em localizar documentos e o propósito é de colaboração. Segundo eles, não há restrições ao trabalho da comissão e nem resistência a convocações de oficiais do passado para prestarem depoimento ao grupo.
Para amenizar a conversa, os membros da comissão lembravam que os militares de hoje não são os mesmos da ditadura. Um tema que incomoda os militares não foi tocado: a apuração de crimes cometidos por militantes da esquerda. Essa é a principal cobrança de integrantes da reserva que se manifestam, e se incomodam, com a comissão.
Fonteles avaliou como positivo o primeiro ano de trabalho do grupo, que tem até maio de 2014 para apresentar seu relatório. Ele cita três exemplos de resultado efetivo do trabalho com a participação da comissão: a devolução simbólica de mandatos de deputados cassados; o surgimento de documentos sobre o desaparecimento de Rubens Paiva; e a mudança no atestado de óbito de Vladimir Herzog, que passou a constar como causa da morte “lesões e maus-tratos sofridos durante interrogatório em dependência do 2º Exército (Doi-Codi)”.
Fonte – O Globo