Comissão retoma suas atividades e, ainda mês, vai ouvir ex-militantes e ex-agentes do Estado direta ou indiretamente envolvidos com a repressão
A Comissão Estadual da Verdade e da Memória Dom Helder Câmara prepara a tomada de 15 novos depoimentos previstos para começarem ainda em janeiro. O presidente da Comissão, o advogado e ex-deputado Fernando Coelho, informou que serão ouvidos ex-presos políticos, ex-militantes e ex-agentes do Estado direta ou indiretamente envolvidos na repressão durante o regime militar (1964-1985), mas não revelou as identidades dos depoentes para preservá-los.A Comissão retomou suas atividades internas nesta semana – os depoimentos só começarão no fim do mês. Boa parte das sessões será secreta, adiantou Fernando Coelho, a pedido dos depoentes, receosos com a exposição de suas imagens. “Eles têm esse direito, mas tudo é gravado e esse acervo integrará o relatório final da Comissão”, advertiu.
Fernando Coelho também informou que até março serão publicados três cadernos com resumos do trabalho do colegiado, criado há seis meses e que tem até junho de 2014 para concluir seu relatório sobre as violações a direitos humanos cometidos em Pernambuco durante a ditadura militar. “É uma forma de darmos uma satisfação à sociedade do nosso trabalho, antes da divulgação do relatório final”, justificou.
Até meados de dezembro, foram tomados os últimos depoimentos de ex-militantes políticos vítimas de tortura e de agentes do extinto Departamento de Ordem Política e Social (Dops), aparelho repressivo da Secretaria de Segurança Pública.
Em um depoimento polêmico, o jornalista Marcelo Mário insinuou que o ex-ministro Gustavo Krause, o ex-vereador do Recife João Arraes (PSB) e o prefeito reeleito de São Lourenço da Mata, Ettore Labanca (PSB), integravam o Comando de Caça aos Comunistas (CCC), grupo de direita que defendia o regime militar. Marcelo, contudo, não apresentou provas e seu depoimento terminou sendo criticado nos meios políticos, inclusive na Assembleia Legislativa, em discurso do deputado petista André Campos, um dos que prestaram solidariedade aos acusados.
A lista de mortos e desaparecidos políticos no Estado, que é o foco da atuação da Comissão, contém 49 nomes. O principal caso é o assassinato em 1969 do padre Antônio Henrique Pereira, auxiliar do então arcebispo de Olinda e Recife, dom Helder Câmara.
Fernando Coelho informou que o ingresso na Comissão do ex-deputado José Áureo Bradley não irá mexer na sua estrutura nem no cronograma de trabalho. Bradley foi nomeado pelo governador Eduardo Campos (PSB) para a vaga aberta com a saída do ex-deputado Pedro Eurico, que assumiu a Secretaria estadual de Infância e Juventude.
Fonte – JC Online