Levante faz “escrachos” de acusados de torturas e mortesAlguns dos apontados como responsáveis por torturar a presidenta Dilma Rousseff, assassinar o militante Carlos Lamarca e desaparecer com o deputado Rubens Paiva, durante a ditadura militar, foram alvos da nova rodada de “esculachos”, nesta segunda (14) pelo Levante Popular da Juventude. As manifestações, que ocorreram em doze cidades brasileiras, reivindicaram a instalação da Comissão da Verdade, cobraram a localização e identificação dos restos mortais de desaparecidos políticos e exigiram que os torturadores sejam julgados e punidos.
Alguns dos apontados como responsáveis por torturar a presidenta Dilma Rousseff, assassinar o militante Carlos Lamarca e desaparecer com o então deputado Rubens Paiva foram alvos da nova rodada de “esculachos”, promovida nesta segunda (14) pelo Levante Popular da Juventude – o movimento de rua que defende, com muita irreverência, a identificação e punição dos responsáveis por crimes de lesa humanidade praticados durante a ditadura militar.
Os “esculachos” ocorreram em doze cidades brasileiras, de onze estados. Foram denunciadas oito pessoas, responsáveis direta ou indiretamente por torturas, assassinatos e desaparecimentos. Prédios públicos que sediaram centros clandestinos de tortura também foram alvo do movimento, que apóia a instalação da Comissão da Verdade, cobra a localização e identificação dos restos mortais de desaparecidos políticos e exige que os torturadores sejam julgados e punidos.
No Guarujá (SP), os manifestantes foram até a residência do tenente-coronel reformado Maurício Lopes Lima, reconhecido pela presidenta como um dos seus torturadores, para alertar vizinhos de que ali vive um agente da ditadura. Os jovens picharam as calçadas da casa do ex-ditador e colocaram faixas identificadoras no local. Maurício Lopes Lima foi apontado pelo Ministério Público Federal (MPF), em ação civil pública ajuizada em novembro de 2010, como um dos responsáveis pela morte ou desaparecimento de seis pessoas e pela tortura de outras 20, entre 1969 e 1970.
Em Salvador (BA), o “esculacho” foi com o ex-cabo do Exército Dalmar Caribé, identificado como um dos responsáveis pelos assassinatos dos militantes Carlos Lamarca e Zequinha Barreto. A ação foi realizada em frente à sede da Associação de Karatê da Bahia, fundada em 1967 pelo ex-cabo e familiares. Caribé, hoje, atua na difusão do karatê pelo interior da Bahia e se dedica à vida pública: é filiado PRBT e, nas eleições de 2008, concorreu a vereador do município de Belmonte (BA), pela coligação formada pelo partido e PTB, PSDB, PHS e PSDC.
Em Belo Horizonte (MG), o ato ocorreu em frente a casa de João Bosco Nacif da Silva, médico-legista da Polícia Civil, apontado como responsável por atestados de óbito fraudados, como no caso de João Lucas Alves, que morreu em uma sessão de tortura, mas teve a causa da morte apontada como “suicídio”. No interior do Estado, em Teófilo Otoni, os jovens denunciaram ex-tenente da Polícia Militar Murilo Augusto de Assis Toledo, agente do DOPS, considerado responsável pelo assassinato do militante Nelson José de Almeida.
Em Recife (PE), a ação ocorreu em frente à residência do desembargador aposentado Aquino de Farias Reis. Aquino foi delegado de plantão na Delegacia de Ordem Política e Social (Dops) de Pernambuco, em 1971, quando estudante de agronomia Odijas Carvalho, de 26 anos, morreu em decorrência das torturas sofridas na prisão.
Em Belém (PA), o ato foi em frente ao prédio do Ministério da Fazenda, onde trabalham dois ex-torturadores que atuaram na Guerrilha do Araguaia: Magno José Borges e Armando Souza Dias, hoje agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
No Rio de Janeiro (RJ), o local do protesto foi o bairro do Flamengo, onde reside o ex-chefe do DOI-CODI, José Antônio Nogueira Belham. Sob sua tutela, ocorreram inúmeros casos de tortura, assassinato e desaparecimento, como o do então deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Rubens Paiva.
Em Fortaleza (CE), o alvo do “esculacho” foi a sede da Secretaria de Cultura, onde funcionou a antiga sede da Polícia Federal, que abrigava um centro de tortura clandestino. O Levante esclareceu que o objetivo da ação no local foi buscar o reconhecimento do espaço como “local de memória”dos militantes políticos que lutaram contra a ditadura. O movimento também apresentou à Secretaria de Cultura uma série de reivindicações, como a mudança de nomes de ruas, praças e instituições que homenageiam ex-agentes do regime, o tombamento da casa do Frei Tito de Alencar e a criação de uma comitê municipal pela verdade, memória e justiça.
Em Aracaju (SE), o “esculacho” foi com o diretor do Hospital e Maternidade Santa Isabel, acusado de acompanhar presos políticos submetidos à tortura no estado. Segundo os manifestantes, a função do “médico” era diagnosticar a saúde dos torturados para determinar se eles agüentariam ou não mais atos de violência.
Também houve ações em Natal (RN), João Pessoa (PA) e Santa Maria (RS).
Fonte – Correio do Brasil