Segundo coordenador da Comissão, os responsáveis pela morte do ex-deputado são oficiais do exército
Mercadante, Vera Paiva e Fonteles durante coletiva (Foto: Letícia Verdi/MEC)Em entrevista concedida terça (5) no Ministério da Educação (MEC), em Brasília, o coordenador da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Cláudio Fonteles, afirmou que o ex-deputado federal Rubens Paiva foi assassinado por três agentes do Destacamento de Operações e Informações e Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Exército, no Rio de Janeiro. “Estamos muito perto de chegar aos membros da equipe assassina, todos do Exército”. Segundo Fonteles, a identificação “está praticamente concluída.”
A entrevista ocorreu durante homenagem à CNV no MEC, em que participaram também Vera Paiva, filha do deputado assassinado, e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Amigo da família Paiva, o ministro lembrou da importâncias de parcerias do MEC com a Comissão. “Uma equipe está trabalhando junto com o MEC atrás de documentos que comprovem perseguição a professores nas universidades”, afirmou.
Vera Paiva disse esperar que, uma vez identificados, os autores pela morte do pai sejam levados a julgamento. “Espero que haja um julgamento justo, nos termos da lei, com amplo direito de defesa e respeito ao contraditório, tudo o que os assassinos do regime não permitiram ao meu pai.”
A CNV não tem poder punitivo, e não contraria a Lei de Anistia, de 1979, que não permite que os acusados por crimes cometidos durante a ditadura sejam julgados ou punidos. A Comissão apenas investiga e analisa violações ao Direitos Humanos do período entre 1946 a 1988.
O deputado federal Paulo Teixeira (PT) também participou do ato e anunciou que uma estátua de Rubens Paiva será erguida na Câmara dos Deputados. Outros militantes que eram colegas de Mercadante e Vera em movimentos estudantis paulistas dos anos 70 e 80 participaram do encontro.
Na segunda-feira (4) a CNV atestou que Rubens Paiva foi morto nos porões do DOI-Codi. O coordenador da Comissão Cláudio Fonteles afirmou ter encontrado novos documentos sobre o caso no Arquivo Nacional. Juntamente com documentos apreendidos na casa de um coronel reformado do Exército, em Porto Alegre, os documentos desmentem a versão oficial produzida e divulgada pelo regime para o desaparecimento do deputado, que teria fugido após tiroteio com “terroristas” que tentaram resgatá-lo quando era conduzido numa missão de reconhecimento.
Fonte – Rede Brasil Atual