No domingo (17), o jornal O Estado de S. Paulo revelou que o QG da repressão era frequentado por militares de alta patente que agiam em conjunto com autoridades civis. Também aparecem com frequência nos registros um homem que se identificava como “representante da Fiesp”, a federação paulista de industriais, e do cônsul americano em São Paulo naquela época, Claris Halliwell.
O SNI existiu entre 1964 e 1999. A maior presença de seus agentes no Dops coincide com as vésperas da posse do general João Baptista Figueiredo na Presidência da República. Ele chefiou o SNI no governo de seu antecessor, general Ernesto Geisel.
Enquanto o número de visitas de agentes de inteligência crescia, a presença dos militares e de figuras da linha dura, como o delegado Sérgio Fleury, diminuía. Ele foi levado de volta para atividades na área de crimes comuns da Polícia Civil e desapareceu dos livros da portaria do Dops em 1978.
Antes do período de distensão política, porém, militares e civis coordenavam, do Dops, as operações de inteligência do regime. É enorme a variedade de nomes de delegados e de militares que se identificavam na portaria do edifício como representantes do Destacamento de Operações de Informações (DOI), ligado ao Exército. O QG da repressão do governo era o principal centro de infiltração de agentes entre as organizações de esquerda e de localização de militantes que viviam na clandestinidade.
As listas de portaria mostram que era comum a chegada e saída, nos mesmos dias e horários, de representantes de diferentes setores da comunidade de informações. Em alguns os encontros reuniram delegados, representantes da Polícia Militar, agentes federais e oficiais do Exército e da Aeronáutica. “O Dops abrigava um centro de articulação de combate à oposição”, afirma Ivan Seixas, ex-presos político e assessor da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo.
Fonte – O Estado de S. Paulo.