Hoje com 78 anos, arcebispo emérito de São Paulo chegou a ser apontado como um dos possíveis substitutos de João Paulo II em 2005
Dom Cláudio atualmente é vigário-geral da Arquidiocese de São Paulo
Em 2005, após a morte de João Paulo II, o brasileiro Dom Cláudio Hummes era apontado como um dos principais candidatos a substituí-lo no comando da Igreja Católica. Credenciado por seu trabalho à frente da Arquidiocese de São Paulo, considerada uma das maiores do mundo, o cardeal acabou preterido pelo alemão Joseph Ratzinger, que, ao tornar-se papa, recebeu o nome de Bento XVI. Oito anos depois, diante da renúncia do agora Papa emérito, Dom Cláudio vê a idade avançada reduzir suas chances de se tornar o Sumo Pontífice.
Nascido em 8 de agosto de 1934 em Salvador do Sul, município gaúcho que, à época, ainda pertencia a Montenegro, Auri Afonso Hummes (nome de batismo de Dom Cláudio) é o terceiro filho de uma família de 13 irmãos, de origem alemã. Após estudar em seminários e concluir a graduação em Filosofia em Garibaldi (RS), Hummes decidiu seguir a vocação religiosa. Em 1952, ingressou na Ordem Franciscana dos Frades Menores, em Divinópolis (MG), adotando o nome Cláudio quatro anos depois. Em 1958, concluiu a graduação em Teologia e foi, enfim, ordenado padre.
Contemporâneo de Dom Cláudio na diocese de Divinópolis, Frei Ronaldo Zwinkels lembra-se da aplicação do colega nos estudos. “Era muito inteligente. Ele era muito consciente também de sua inteligência, um dos mais novos da turma e gostava de fazer intervenções na sala de aula”, afirma o padre. Segundo Frei Ronaldo, o cardeal tinha um temperamento retraído, e dedicava boa parte das poucas horas vagas à música. “Era muito zeloso, focado nos estudos. Não tão recreativo, digamos assim. Era consciente de suas obrigações. Ele era músico, tocava muito bem violão. Ele tinha um conjunto musical, formado com outros colegas”, relembra Frei Ronaldo.
Após lecionar no seminário de Garibaldi e na Faculdade de Filosofia de Viamão (RS), Dom Cláudio foi professor nos cursos de Ciências da Religião e Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), no início da década de 70. Então diretor do departamento de Teologia da universidade, o monsenhor Urbano Zilles corrobora a opinião de Frei Ronaldo. “Ele era, de fato, muito estudioso. As aulas dele agradavam aos alunos, nunca tinha queixa. Era um franciscano de fácil convivência, sempre bem disposto, sem grandes problemas”, relatou. Segundo o monsenhor, Dom Cláudio sempre se destacou por “falar de problemas contemporâneos”. “Era um homem atualizado.”