A Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro realizou sua primeira reunião, na sede da seção Rio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), no centro da cidade. O edifício é o mesmo onde, no último dia 7, uma bomba explodiu, num suposto atentado para matar o presidente da Comissão e ex-presidente da OAB-RJ, Wadih Damous. O caso está sendo investigado pela Polícia Federal.
“Na Assembleia, houve obstrução durante meses de parlamentares que não queriam a Comissão da Verdade. Essa é uma resistência política e cultural que existe no Brasil, mas que foi enfrentada. A Comissão já começou a funcionar hoje. Logo depois das nomeações, começaremos a trabalhar. Isso é o que importa. Esse atraso é de natureza política. Já foi contornado e agora vamos cumprir nossa missão”, afirmou Damous, ao ser perguntado pela reportagem por que o Executivo levou cinco meses para regulamentar o funcionamento da Comissão.
Durante o encontro, foi decidido que o grupo focará na investigação de 164 casos de mortos e desaparecidos no Estado do Rio durante a ditadura militar. “Este número teria sido levantado pela Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, mas precisa ser confirmado. Aí estão incluídos Rubens Paiva, Mario Alves, e Stuart Angel. Vamos procurar saber o que aconteceu com essas pessoas, como foram assassinadas e a mando de quem”, explicou Damous.
O presidente da Comissão disse ainda que serão analisados casos emblemáticos que, apesar de não terem resultado na morte de civis, causaram grande comoção, como a bomba na OAB (1980) e a bomba no RioCentro (1981). “Também vamos investigar os mecanismos que a repressão se valia, como financiamentos privados. Vamos lembrar da casa da morte de Petrópolis, uma propriedade privada que foi cedida à ditadura para assassinatos. De lá quase ninguém saiu vivo. Só uma pessoa conseguiu sobreviver”.
Fonte – Estadão