Ex-ditador defende que militares peguem em armas contra governo de Cristina Kirchner

Cumprindo prisão perpétua por violações aos direitos humanos nos anos de repressão, Jorge Videla volta a criticar administração argentina

Videla (esq.) assiste a audiência de julgamento por crimes contra os direitos humanos durante seu regime

O ex-ditador argentino Jorge Rafael Videla pediu que ex-militares “de 58 a 68 anos que ainda estejam com aptidão física de combater” se armem contra o governo da presidente Cristina Kirchner. As declarações foram feitas na cadeia, onde cumpre várias sentenças de prisão perpétua, à revista espanhola Cambio 16.

Na entrevista, Videla, que foi o primeiro presidente da ditadura argentina (1976-1983), pede, no caso de que se continue levando a cabo “a injusta prisão e denotação dos valores básicos”, que seus companheiros “se armem novamente em defesa das instituições básicas da República, hoje avassaladas” pelo que chama de “regime kirchnerista”.


O ex-ditador questiona os julgamentos aos acusados de violações aos direitos humanos durante os anos de chumbo no país. Segundo ele, é “deplorável que ainda hoje, com espírito de revanche, pretendam tergiversar a verdade histórica mediante uma visão hemiplégica da mesma” e considera que o fim dos anos de impunidade “só conseguiu semear o ódio e o ressentimento em muitos corações argentinos”.

Videla defendeu que “toda a sociedade” supere as “discórdias do passado recente”, com um julgamento “histórico”. Segundo ele, no entanto, o governo de Cristina Kirchner “continua afundando a pátria no abismo anacrônico do marxismo”.

“A rejeição dos cidadãos aos procederes ditatoriais do kirchnerismo e seus sequazes lhes fará comer poeira e esperamos que desta vez seja para sempre”, afirmou Videla. Quando questionado sobre como gostaria de ser lembrado, o ex-ditador se definiu como um “soldado de Cristo” e ressaltou o que considera ser a “honestidade” de sua “conduta pública e privada”, além da “prudência” de suas decisões “não carentes de firmeza”.

Videla disse ainda que “a questão dos direitos humanos perdeu relevância” quando “foram usados como arma de pressão política que encobre uma rede de negócios”, referindo-se às denúncias de desvio de dinheiro público pelo procurador da Associação das Mães da Praça de Maio.

Sobre “erros” no “Processo de Reorganização Nacional”, autodenominação dos anos de ditadura, Videla afirmou que “o mais grave foi não ter dado outra razão de ser que justificasse sua existência depois de ter conseguido (…) seu objetivo primário, que era pôr ordem diante da anarquia”, diz.

Videla voltou a justificar o acionar dos militares durante os anos de repressão, classificando de “vazio de poder” o período posterior à morte de Juan Domingo Perón. Segundo ele, a partir de meados de 1978, “era o momento para uma abertura política ordenada”.

Para o ex-ditador, se o governo atual tentar reformar a constituição ou alterar o atual sistema político, pelo que considera ser um “fracassado comunismo a la cubana”, “novamente as Forças Armadas e de Segurança, junto ao povo do qual elas proveem” vão impedi-lo.

 

Fonte – Opera Mundi

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