Os casos investigados são de militantes que, na ditadura, atuaram no PCB, PCBR, VPR, APML, PCR, Ligas Camponesas, VAR-Palmares, Colina, ALN e PCdoB
Fernando Coelho coordena os trabalhos da Comissão da Verdade Foto: Clemilson Campos/JC ImagemA Comissão Estadual da Verdade oficializou a divisão em relatorias dos casos com investigação em curso. Os 51 casos de mortos ou desaparecidos políticos ocorridos entre 1964 e 1985, em Pernambuco, ou de pernambucanos em outros Estados do Brasil, foram divididos por facção política e distribuídos entre os nove membros da Comissão. Na prática, o grupo já trabalhava com o sistema de relatorias. O documento, assinado pelo presidente Fernando Coelho, apenas divulga para a sociedade quais são e quem são os responsáveis por cada caso.
Os casos investigados são de militantes que, na ditadura, atuaram no Partido Comunista Brasileiro (PCB), Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), Ação Popular Marxista-Leninista (APML), Partido Comunista Revolucionário (PCR), Ligas Camponesas, Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), Comando de Libertação Nacional (Colina), Aliança Nacional Libertadora (ALN) e Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
Além disso, a Comissão trabalha em oito eixos temáticos nos quais as investigações são contextualizadas e relacionadas entre si. As áreas estratégicas, com os respectivos relatores, são: 1- Comando de Caça aos Comunistas (relatores – José Áureo Bradley, Henrique Mariano e Nadja Brayner); 2- Campo (Henrique Mariano, Humberto Vieira e Socorro Ferraz); 3- Meio Acadêmico e Cultural (José Áureo Bradley, Nadja Brayner e Socorro Ferraz); 4- Religiões e Sindicatos (Manoel Moraes e Nadja Brayner); 5- Órgãos de Justiça e Repressão (Gilberto Marques, Henrique Mariano, Manoel Moraes e Roberto Franca); 6- Financiamento da Repressão/IBAD (Fernando Coelho, Henrique Mariano, Humberto Vieira e Manoel Moraes); 7- Meios de Comunicação (José Áureo Bradley e Nadja Brayner); 8- Cassação de Mandatos Parlamentares (Fernando Coelho e Manoel Moraes).
Hoje, a comissão ouvirá três testemunhas afim de apurar as mortes de Fernando Augusto da Fonseca, José Bartolomeu Rodrigues de Souza e Lourdes Maria Wanderley Pontes, militantes do PCBR. Segundo a versão oficial, eles foram mortos em 1972 em uma troca de tiros no Rio. Vão depor Paulo Pontes da Silva, viúvo de Lourdes, Cristina Wanderley Corrêa de Araújo, prima de Lourdes, e Theodomiro Romeiro dos Santos, o primeiro brasileiro condenado a pena de morte, mas que teve a pena convertida para prisão perpetua.
As investigações são no sentido de que o tiroteio e consequente incêndio do carro em que estavam Fernando Augusto e José Bartolomeu foram uma farsa levantada para esconder mortes sob tortura. “Há testemunhas que afirmam que Fernando foi morto sob torturas no DOI-CODI de Recife, sendo o corpo levado para o Rio, para compor o cenário do tiroteio. Há também relato de que Bartolomeu foi assassinado sob tortura no DOI-CODI RJ. Não há ainda informações sobre as circunstâncias reais da morte de Lourdes”, revelou Nadja Brayner, uma das relatoras do caso.
Fonte – JC Online