A maior parte dos parlamentares que compõem a comissão paulistana é favorável à convocação do coronel, hoje com 80 anos. Outro requerimento também convida o ex-ministro da Fazenda do general Costa e Silva, Delfim Neto. Ele foi um dos signatários do AI-5, o ato institucional nº 5, que endureceu o regime e instituiu a censura prévia a partir de 1969.
Um terceiro convite será feito ao ex-delegado de polícia Cláudio Guerra, agente do Dops. Guerra revelou na sua biografia ter incinerado corpos de adversários da ditadura numa usina de cana em Campos dos Goytacazes (RJ), ao longo de 1974.
Natalini, presidente da comissão da Verdade paulistana, diz ter sido torturado por Ulstra. O vereador declarou “ter apanhado com uma vara de cipó durante várias horas, e me obrigou a declamar poesias nu e diante dos soldados para me humilhar.” Natalini militou na organização de esquerda Molipo.
A comissão da Câmara tem convênio para auxiliar nos trabalhos das comissões da verdade que também funcionam na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional. Na Assembleia os deputados também já convocaram Ulstra para depor
Em 2008, Ustra se tornou o primeiro militar a ser reconhecido, pela Justiça, como torturador durante a ditadura. Embora reformado, ele continua politicamente ativo nos clubes militares, na defesa da ditadura e nas críticas anticomunistas. Ele desafia o vereador Natalini a citar as datas de sua prisão, período de detenção, julgamento na Justiça Militar e condenação, para provar que foi torturado.
Ao contrário do que ocorre nas comissões estaduais e Nacional, onde existem integrantes que fazem oposição à convocação de militares e civis que colaboraram com a ditadura, no Legislativo municipal os sete parlamentares têm posição semelhante, favorável à investigação dos crimes de tortura cometidos no regime.
Além de Natalini, integram a comissão José Police Neto (PSD), Juliana Cardoso (PT), Laércio Benko (PHS), Mário Covas Neto (PSDB), Ricardo Young (PPS) e Rubens Calvo (PMDB).
Coronel Ulstra, torturador do regime militar, continua ativo aos 80 anos e mantém críticas anticomunistas
Fonte – O Estado de S.Paulo