Durante a sessão pública, serão ouvidos: Maria do Amparo Almeida Araújo (ex-militante ALN) e Ivan Seixas (ex-preso político e assessor da Comissão da Verdade Rubens Paiva da Assembleia Legislativa de São Paulo).
O que diz a versão oficial
A morte de Antonio Bem Cardoso foi justificada com um tiro no peito em 1º de junho de 1970, no município de Jati (Cariri/Ceará). O agricultor João Mendes de Araújo teria morrido em suposto tiroteio, na cidade de Olinda, em 1972 e Luiz José da Cunha – conhecido como Comandante Crioulo, companheiro de Amparo Araújo- teria sido vítima de fuzilamento, em São Paulo, por equipe do DOI/CODI daquele estado, em 1973. Em 2006, foram reconhecidos os restos mortais no Cemitério Dom Bosco, na vala de Perus (SP). O sepultamento de Luiz da Cunha foi realizado em 02 de setembro, do mesmo ano, no Cemitério Parque das Flores, Recife, ao lado do túmulo da mãe, Maria Madalena.
Depoente Ivan Seixas – jornalista, militante do MRT – Movimento Revolucionário Tiradentes – capturado pelo DOI-CODI/ II Exército aos 16 anos, junto com o pai, o mecânico Joaquim Alencar de Seixas. Permaneceu preso por quase seis anos. Atualmente, é Presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo (CONDEPE) e Coordenador da Comissão da Verdade Rubens Paiva da Assembleia Legislativa de São Paulo. Seixas também foi um principais investigadores do Cemitério de Perus, local em que descobriu os restos mortais do comandante Crioulo (Luiz José da Cunha). De acordo com Manoel Moraes, membro da CEMVDHC, “as informações sobre este cemitério são importantes para casos como o de Fernando Santa Cruz e Eduardo Collier, vítimas da repressão, que podem ter sido desovadas neste local”.
Depoente Maria do Amparo Almeida Araújo – Nasceu em Palmeira dos Índios, Alagoas. Na capital paulista, Amparo iniciou as atividades clandestinas. Ingressou na Ação Libertadora Nacional (ALN), organização da qual se tornou militante. O irmão dela, Luís está na lista dos desaparecidos políticos. Ele foi sequestrado no dia 24 de junho de 1971, na Av. Angélica, em São Paulo. A família só recebeu a notícia três dias depois da prisão. Amparo também perdeu nos anos de chumbo três companheiros: Iúri Xavier Pereira, Luiz José da Cunha, Thomaz Antonio da Silva Meireles Neto. No dia 29 de agosto de 1986, Amparo Araújo, junto com mais quatro ex-militantes, Marcelo Mário Melo, Marcelo Santa Cruz, Francisco de Assis e Alberto Vinícius fundaram o Grupo Tortura Nunca Mais de Pernambuco. Movimento contra a prática de tortura durante a ditadura militar e pela anistia aos presos políticos.
Fonte – Assessoria de imprensa da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara