Governador quis batizar a Comissão com nome de jornalista alagoano desaparecido
Deputado Judson Cabral, autor do projeto, lamenta que não há celeridade nas deliberações
Apesar de ter sido apresentado e aprovado em agosto de 2012, o projeto de lei que cria a Comissão da Verdade, na Assembleia Legislativa do Estado (ALE), ainda não saiu do papel.
Segundo o autor da matéria, Judson Cabral (PT), apesar de ter aprovado e sancionado o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), devolveu o projeto a ALE com alterações sem seu teor, entre elas, o nome da comissão que, se aprovada, passará a se chamar, Comissão da Verdade Jaime Miranda.
“Naturalmente, esse projeto recebeu orientação dos moldes da Comissão do Congresso Nacional. Só que o governo do Estado apesar de ter aprovado e sancionado, alega que o projeto em si não trás em seu bojo elementos suficientes que viabilizem a comissão”, disse o petista.
Cabral quer que ele seja apreciado em regime de urgência, já que hoje ele está “engavetado na ALE”.
Conforme a avaliação do parlamentar petista, a Mesa Diretora da Casa de Tavares Bastos não tem interesse em dar celeridade a votação. “Eu não diria que apenas com esse projeto, mas com outros projetos de grande importância. Então, é preciso que nós estejamos aqui cobrando. A falta de celeridade, de informatização, elas são as debilidades”, lamentou Judson.
A reportagem tentou ouvir o presidente da ALE, Fernando Toledo (PSDB), mas ele não quis atender-nos; preferiu se pronunciar após “se inteirar sobre o assunto”.
Gastone Beltrão
Após a abertura dos documentos referentes aos anos grotescos da ditadura, histórias e inverdades surgem com o intuito de esconder ou despistar o que de fato houve contra o povo brasileiro. Entre as sagas que se pode encontrar está a da alagoana de Coruripe, Gastone Lúcia Carvalho Beltrão.
O Portal ‘Eremias Delizoicov’, que dispõe de diversos dossiês de militantes políticos mortos durante a repressão, traz a ficha de Gastone Beltrão, estudante de Economia da Ufal.
Segundo as informações de sua ficha, Gastone, ou melhor, Rosa ou ainda Rosa Lúcia, como era identificada na Ação Libertadora Nacional (ALN) – uma das organizações guerrilheiras mais atuantes no combate à máquina belicosa do Estado brasileiro, teve papel importante na luta armada.
Gastone teria sido morta no dia 22 de janeiro de 1972, em São Paulo. Há contradições, no tocante da causa mortis e em seu horário. Documentos indicam que ela teria sido levada e morta sob tortura nos porões do Dops.
Já conforme os relatórios do Ministério da Aeronáutica e da Marinha, a militante faleceu devido a um tiroteio com agentes de segurança.O nome de Gastone foi citado entre os 52 ‘perigosos’ da resistência, em panfletos espalhados pela polícia paulista. Segundo artigo do Jornal da Tarde/O Estado de S. Paulo, a alagoana tinha atuação de destaque na ALN.
No relatório, até o marido de Gastone, José Pereira da Silva, foi acusado de assaltarem um colégio em SP.
Fonte – Tribuna Hoje