Damous explicou que, primeiramente, a Comissão Estadual da Verdade vai se debruçar sobre o item mortos e desaparecidos, que aliás é a razão de ser de qualquer Comissão da Verdade. É preciso dar satisfação à sociedade, aos parentes, sobre o que aconteceu com essas pessoas. Se foram mortas, onde foram enterradas? Se foram torturadas, quem as torturou? Se foram assassinadas, quem as assassinou?”.
Outro caso a ser investigado pela Comissão será o da carta-bomba enviada à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em 1980, que matou a secretária do presidente da entidade na época, dona Lyda Monteiro. No dia em que explodiu a bomba estava na interinidade da presidência da OAB – era o vice-presidente – o advogado José Paulo Sepúlveda Pertence, que anos depois foi nomeado para o Supremo Tribunal Federal, onde se destacou pelos votos progressivos.
Ex-presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, informou que a Comissão vai ser instalada na sede da entidade e seu gabinete vai funcionar na mesma sala onde ocorreu a explosão. “Decidimos instalar a Comissão neste local pelo caráter simbólico, de toda a luta que a OAB teve na reconquista da democracia brasileira, tudo o que significou aquele atentado”. E prosseguiu: “somos uma entidade, também, vítima. Muitos advogados foram vítimas, mas a própria entidade foi vítima de um atentado terrorista cometido pela ditadura militar”. As reuniões irão ocorrer sempre às quartas-feiras e, segundo Damous, haverá a maior transparência possível nos trabalhos da Comissão. “Vamos nos valer de uma forma bastante permanente das audiências públicas, audiências com parentes, com vítimas.
No estado do Rio de Janeiro foi onde ocorreu o maior número de mortos e desaparecimentos, um total de 111, levantamento feito pela Comissão Especial de Mortos e Desparecidos do governo federal. A Comissão da Verdade do Rio vai trabalhar em conjunto com a Comissão Nacional da Verdade (CNV), fazendo investigações complementares ou a pedido da própria CNV.
Fonte – Jornal do Brasil