“Os militares eles já vão ouvir em termos de acusação, mas os militantes também têm que sentar na cadeira lá para dizer o que fizeram”, diz o presidente do Clube Naval, vice-almirante reservista Ricardo Veiga Cabral.
“Da maneira que está armada [a comissão] e pelas declarações [de seus membros], o revanchismo é a finalidade disso”, diz o general da reserva Clovis Bandeira, vice-presidente do Clube Militar. Para ele, a comissão divide militares e militantes entre “vítimas” e “bandidos”.
Ontem, os Clubes Militar e da Aeronáutica declararam apoio à comissão criada pelo Clube Naval para acompanhar a Comissão da Verdade. “A comissão do Clube Naval representa os outros clubes também. Isso foi decidido hoje [ontem]”, diz o porta-voz do Clube da Aeronáutica, Coronel da reserva Nylson Gardel.
A nota divulgada ontem lembra as mortes dos agentes de Estado durante a ditadura “vitimados por atentados dos quais participaram, ativa ou passivamente, alguns dos desaparecidos ontem [quarta-feira] lamentados”.
“Muito emocionada, a presidente falou sobre as famílias que ficaram sem seus netos”, diz Cabral. “Nós lembramos o outro lado, famílias que ficaram sem seus chefes que morreram naquela guerrilha. Nossos mortos foram mais de uma centena”, afirma.
Os clubes afirmam que a história do regime militar é distorcida “por versões e meias verdades, no mais das vezes destinadas a iludir as novas gerações”.
Para Cabral, do Clube Naval, é preciso ouvir os dois lados da história para chegar à verdade. “A palavra dos dois lados é emblemática porque isso bate na consciência desses caras, de quem tá na comissão, do outro lado”.
Fonte – Valor